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Forte Apache

O corte de 4000 milhões de euros e as reformas do Estado

Carlos Faria, 09.02.13

O facto de António Borges referir que o corte de 4000 milhões de euros, com efeitos permanentes nos orçamentos das despesas do Estado, é acessório, considerando como importante o reformar efetivamente o Estado; pode indiciar que o Governo estima não atingir este montante de reduções, mas que vêm aí outras reformas duras na estrutura do Estado.

Ouço dizer frequentemente que este Governo está a destruir Portugal tal como o conhecíamos, a verdade que este Estado, tal como o temos conhecido após o 25 de Abril, nunca tirou o País da cepa-torta, nunca nos permitiu ser autossuficientes, nunca foi justo e levou-nos 3 vezes à bancarrota…

Só reformando o Estado para nos tornar autossuficientes e num País justo é que Portugal pode sair deste miserabilismo em que mergulhámos e nos manteve na cauda da Europa, mesmo com milhões de euros vindos de Bruxelas que mais não foram que um Plano Marshall desaproveitado.

Num Estado autossuficiente e justo, o Estado Social é equilibrado e sustentável por natureza do sistema, não por favor de uns ou medidas populistas de políticos.

Agora tornar este Portugal, tal como o conhecemos, num Estado justo e autossuficiente dói pela desintoxicação dos vícios instalados. Pode também provocar problemas durante a transição que importa minimizar, embora suspeite que têm faltado cautelas. Depois continuará a doer àqueles que se habituaram a tirar proveitos dos defeitos do modelo em que temos vivido e são estes os maiores opositores à reforma necessária do País, pois bem os vejo na comunicação social e a mobilizar tudo para que nada mude.

Orçamento de 2013... à espera de Godot

Carlos Faria, 27.11.12

O Orçamento de Estado para 2013 foi aprovado e mereceu a unanimidade de desagradar a todos e todos com responsabilidade ficaram absurdamente à espera que aconteça algo, sem ninguém ter feito algo que não fosse manter um diálogo de surdos (oportunista, subserviente ou por desacordo inconciliável), onde nada se resolve, mas espera-se que a salvação (que não se sabe qual é) venha e, tal como em Godot, há sempre alguém que dirá: hoje não… talvez amanhã.

Uns querem que Lucky se revolte;

Outros esperam que Pozzo morra;

Vladimir e Estragão impotentes esperam e

O rapaz continua a alimentar a esperança que Godot virá um dia…

 

e se Godot não vier?

As razões de descontentamento socialista pela avaliações positivas da troika

Carlos Faria, 28.08.12

O PS assinou o protocolo com a troika e o PSD cumpre o que os socialistas prescreveram para o futuro de Portugal.

Alguém cumprir regras de austeridade com rigor sempre causou incómodo deste PS por não ser capaz de tal feito.

Portugal sempre foi criticado pelos gastos excessivos dos Governos e pela primeira vez em muitos anos o País reduziu significativamente nas despesas.

Os portugueses eram criticados por viverem acima das suas possibilidades e no último ano, apesar da crise e dos impostos, conseguiram e passaram a poupar mas dos que nos anos anteriores.

Dizia-se que o Governo de Portugal para equilibrar as contas públicas tinha de reduzir nas despesas e não aumentar nas receitas e quando a dívida aumenta por as receitas diminuirem mais que os esperado, mesmo tendo em conta a timidez dos bancos e a poupança dos cidadãos não estimular o consumo, critica-se a diminuição da arrecadação dos impostos.

Portugal era o segundo País do mundo há um ano com maior risco de bancarrota logo a seguir à Grécia, agora está em sétimo lugar em termos de perigo.

Os juros da dívida de Portugal estiveram sempre a subir até ao início deste ano e a partir de então com as contínuas avaliações positivas da troika, os juros começaram timidamente no início a descer e depois consistentemente a baixar de forma cada vez mais significativa.

Alguém ainda duvida por que têm o PS e o BE tanto medo das avaliações positivas da troika?

Pistas para reflexão sobre a crise: Conversa com agricultor

Carlos Faria, 31.07.12

A crise por que Portugal atravessa teve causas múltiplas, resultou de um acumular de erros que foram cometidos pela classe política e pelos agentes económicos e financeiros, mas também foi ampliada pelo comportamento de muitos cidadãos do povo.

Um agricultor conhecido meu - que abandonou a atividade há mais de uma década, quando tinha cerca de 50 anos de idade e ao abrigo da política da UE de subsidiar em Portugal a retirada de mão de obra de gente ainda válida na agricultura e nas pescas e cujos resultados igualmente contribuíram para a situação em que nos encontramos - teve nos últimos dias um diálogo do género:

- Não compensa mesmo trabalhar, estive num supermercado e encontrei um saco de 5kg de feijão por 7€.
- E então?...
- Está barato, não vale o trabalho.
- Pois!... e se fosse 1400 escudos?
- Ah, pensando assim já vale alguma coisa, mas eu penso em euros.

 

Dá que pensar este diálogo real...

Algumas tendências insustentáveis no modelo sócio-económico Português

Carlos Faria, 26.07.12

Não são um exclusivo de Portugal e até algumas medidas económicas recentes devem ter acelerado o processo no nosso País e por vezes de uma forma pouco humana, mas, por mais que barafustem, existem de facto algumas tendências que a longo prazo são insustentáveis na nossa sociedade:

- Redução progressiva das taxas de natalidade e aumento dos número de professores necessários na educação;

- Migração progressiva das populações para os grandes centros urbanos e manutenção em proximidade de todos os serviços do Estado nas terras desertificadas;

- Aumento continuado do número de vagas e de cursos nas Universidades em função dos gostos e apetites de alguns catedráticos e alunos sem olhar às reais necessidades da economia interna e ainda exigir a colocação do excedente de licenciados que resulta deste modelo;

- Crescimento continuado do consumo para dinamizar a economia nacional sustentado na solidariedade e subsidariedade de outros países e sem uma cobertura cada vez maior da produção interna que anule as necessidades de ajuda e de endividamento.

Quem disser ao contrário – político ou sindicalista – é, conscientemente ou inconscientemente, mentiroso e cidadão que acredite na sustentabilidade destas tendências é ingénuo, mesmo tendo em consideração injustiças que existem na repartição da riquezas dentro de Portugal.