Alguns membros do regimento abandonaram o Forte Apache na Sexta à noite, não para bater em retirada face a um qualquer invasor, mas, sim, para rumarem a Oriente de Lisboa para mais um jantar do blogue.
Em ambiente descontraído de final de semana e com uma temperatura nocturna a dar ares de Verão, éramos nove à mesa da esplanada do restaurante Rolo, para os lados do Parque das Nações, escolha acertadíssima do Rodrigo.
Sem qualquer rufar de tambores de guerra, o debate intenso e construtivo de temas não faltou, ou não fosse o Forte um blogue de “autores livres”, libertos de amarras ideológicos, mas coerentes com as suas ideias e convicções.
Política, claro está, foi o prato forte. E já que se fala em pratos, faça-se justiça à boa (e muita) comida tradicional portuguesa, acompanhada da respectiva doçaria à sobremesa. Tudo incrivelmente pecaminoso aos olhos de um qualquer nutricionista obcecado pela “linha”, mas irresistível e delicioso para os que lá estiveram.
Mas acima de tudo, foi no convívio que se encontrou a maior satisfação. Porque, isto da blogosfera obedece a uma lógica que privilegia a “proximidade” virtual em vez da proximidade real e, por isso, estes jantares acabam por ser uma forma de comunicação na sua essência mais pura, de contacto pessoal.
Ou seja, é uma espécie de regresso às origens, já que vivemos um momento da história das sociedades em que as pessoas se “conhecem”, muitas das vezes, apenas das redes sociais, dos blogues, do Twitter ou do Facebook, e nunca extravasam essa fronteira para a realidade física e palpável.
E de certa maneira é o que se pretende também com estes jantares, cultivar uma proximidade que vá além da blogue e, nalguns casos, associar caras a nomes e nomes a caras.
No caso do Forte, e visto ter representantes de vários pontos do País, há bloguers que têm que vencer distâncias maiores para estarem nestes jantares, como o fez José Meireles Graça, que se deslocou de propósito de Guimarães a Lisboa.
E ainda bem que o fez, porque além de termos tido o prazer de o conhecer pessoalmente, demonstrou ter uma veia literária queirosiana misturada com o humor saudável nortenho que, me parece, ter muito potencial para ser explorada em termos de posts.
Já agora, e em jeito de nota de rodapé, o Zé demonstrou também alguns conhecimentos na área da agricultura, sobretudo em matéria de solos, tema aliás que teve também o contributo de Luís Naves.
Refira-se que a conversa descambou para a problemática dos solos, depois de se ter tido um momento de elevado nível intelectual a debater a blogosfera e a sua evolução no panorama nacional. Nesta matéria, as observações do Pedro Correia foram pertinentes e devem ser tidas em conta de futuro.
Entre garfadas acompanhadas do vinho da casa e de algumas Pepsi falou-se de sistemas eleitorais, de corrupção, de histórias de bastidores, e, vá, admita-se, de algumas fofocas dos corredores do poder.
Dinâmicas partidárias e cenários eleitorais foram igualmente assuntos que o Miguel Félix António e o Sérgio Azevedo debateram com entusiasmo, seguidos sempre com atenção pelo Francisco Castelo Branco.
Além destes temas, relevantes para o País, é certo, talvez o mais importante assunto debatido à mesa tenha sido mesmo o das mulheres. Eu vou reformular: A problemática das quotas das mulheres no Forte Apache.
Tal como acontece nos altos cargos políticos e das empresas, também o Forte Apache tem um desequilíbrio acentuado no que diz respeito à relação entre o número de bloguers masculinos e femininas. Estas representam apenas 25 por cento de todos os apaches.
A Judite França, que chegou um pouco mais tarde ao jantar, foi a única representante feminina do Forte a estar presente. A sua simpatia e o interesse que partilhou na conversa sobre os cronistas da nossa praça reforçaram a convicção dos restantes à mesa para a necessidade de se cumprir a lei da paridade dentro do Forte. Esta foi, aliás, uma das recomendações saídas do jantar de Sexta.