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Forte Apache

Proletários da função pública, uni-vos até às 24H00

José Meireles Graça, 27.06.13

Acho bem a greve de hoje, pela mesma razão que compreendo a necessidade das válvulas nas panelas de pressão. E quanto mais entusiastas forem os jornalistas, criativos os cartazes, veementes os insultos, confiantes os comunistas que dirigem a coisa e os socialistas que se lhes colaram, bem como a massa anónima de funcionários que está em luta - melhor. A greve é uma festa, pá.

 

Porque realmente quem não está a trabalhar são funcionários públicos, e uns quantos do sector privado que ou são comunistas, ou têm genuínas razões de queixa, ou não têm outro remédio porque não se podem deslocar. E, sendo as coisas assim, para a maioria das funções (as excepções óbvias são a saúde e os transportes), um dia a mais ou a menos não faz diferença. E até, no que toca a uma quantidade razoável de funcionários, se entrassem definitivamente em greve seria um grande benefício, não para eles, coitados, que não escolheram povoar serviços inúteis ou daninhos, mas para quem é obrigado a sustentá-los.

 

Isto é, em parte, retórica, claro. Que, conforme ficou demonstrado com a recentíssima greve dos professores, a berrata e a intimidação surtem algum efeito, ao contrário do que imaginei sucederia.

 

Mas uma coisa é os professores fazerem uma listinha de reivindicações e darem um chega-pr'a-lá na reforma, nos outros funcionários e na troica, e outra os gerais, incluindo portanto os privados, fazerem o mesmo. Porque, se são todos, não fica ninguém para comprimir. Donde se deduz que os Arménios desta vida, e na circunstância os idiotas que lhes servem de compagnons de route, o que querem é agitação e instabilidade, reivindicando eleições não porque imaginem que as vão ganhar, mas porque o PS não fará nada de substancialmente diferente. E, não fazendo, confiam em que, de exclusão em exclusão, as massas se voltem para eles, sob a lúcida direcção do camarada Jerónimo.

 

Jerónimo, meu chapa, esquece: não vai suceder. Esta multidão que engrola a Grââândola vai-te cravar um facalhão nas costas nas eleições próximas, e nas seguintes, e nas outras, dando-te uma vitória histórica, com pouco mais de 10% dos votos. E mesmo acrescentando os votinhos do teu alter-ego verde, e os dos teus doentes infantis bicéfalos, não chega.

 

Entretanto, vamos cantando neste dia de comunhão, e chorando nos restantes.

Ensinamentos da Greve Geral

Fernando Moreira de Sá, 15.11.12

Não, não vou discutir se a Greve Geral foi um sucesso ou um fracasso. Não. A Greve Geral foi o que teve de ser e que sempre será: um direito dos trabalhadores. Uns fizeram. Outros não. Como em todas as outras desde o 25 de Abril. Prefiro sublinhar outro facto: a existência desse direito. É algo que nos deve confortar. É sinal que, felizmente, a democracia impera.

 

O que me surpreende, profundamente, foi o valente tiro no pé dado por alguns radicais. A tendência de muitos será chamar-lhes "esquerda radical". Erro. Aquilo não é nem esquerda nem direita. É estupidez, pura e dura. Ao atacarem à pedrada a polícia esquecem algo fundamental: muitos daqueles agentes até defendem os motivos que levaram a CGTP a realizar mais uma greve. Também eles e as suas famílias estão a sofrer as consequências da crise e sendo, como são, funcionários públicos, sofrem na pele os cortes nos seus vencimentos. 

 

Pior, simbolicamente, estiveram entretidos a apedrejar a Assembleia da República. Ignorando que ela é a marca essencial da Democracia. Uns por ignorância. Outros, os mais perigosos, por motivações políticas - não gostam de liberdade e desejam secretamente viver numa sociedade ditatorial onde impere os seus princípios de xenofobia, racismo, etc. 

 

Porém, não perceberam os sinais dados pela população portuguesa. Os portugueses não gostam de radicais. Cada pedra arrancada da calçada e atirada aos polícias e à AR teve um efeito boomerang. O mesmo efeito que está a ter a eterna greve dos estivadores junto da opinião pública. A CGTP cedo o percebeu e por isso se demarca dos radicais. As suas pedradas abafam os objectivos dos sindicatos. Os cânticos estilo claque "ultra" de futebol dos estivadores afastam os moderados. E envergonham os democratas.

O Futuro

jfd, 13.11.12

Enquadrado na responsabilidade social vigente na empresa onde trabalho e em cooperação com a Junior Achievement Portugal na acção Braço Direito, tive hoje a companhia de uma jovem de 16 anos no trabalho. Foi meu dever ensinar-lhe o que é a realidade do mercado de trabalho e fazer a ponte entre a sala de aulas e o local da profissão e tudo o que se lhe acompanha.

Por acaso, na hora de almoço perguntei-lhe o que achava da greve geral de amanhã. Disse-me que não a compreendia, não sabia qual a razão e que a achava uma maçada.

Estou optimista quanto ao futuro.

A pan-greve

José Meireles Graça, 13.11.12

Os Portugueses, na hora de votar, não se afastam do Centrão - nunca se afastaram do Centrão. E o que as sondagens mostram, mais uma vez, é que, se houvesse eleições agora, trocavam este governo, que não está a fazer o que disse que faria, por um governo do PS, que não faria aquilo que diz.


Cada qual é livre de interpretar a alma popular como entende. Por mim, acho que o Povo sabe perfeitamente que está a ser aldrabado, e conta com isso. O PCP, o MRPP, até mesmo o BE, tendem a ser perfeitamente coerentes - mas não vão além de 15%. Talvez chegassem aos 20%, se o eleitorado decidisse dar um murro na mesa, e a esquerda da rua veria a Revolução logo ali ao dobrar da esquina. Mas a esquerda da rua vê sempre a Revolução já a seguir, logo que a burguesia acabe de se enforcar com a corda das suas contradições.


Por ora, estamos em suspenso: o PS não quer a batata quente do Governo, Seguro espera que a "Europa" resolva o problema de alguma forma para ele ser herdeiro de um Poder perfeitamente balizado, e o Governo espera que algures no futuro se desate o nó desta situação impossível, ou se encontre um equilíbrio que não sabe bem onde está. Na sombra, vários putativos salvadores da Pátria, como o edil Costa ou o agora discreto Assis, ou ainda o filósofo Carrilho, esperam - Seguro está só a segurar o lugar para ele não arrefecer.


Todos eles contam com a "Europa", desde que esta infeliz deusa se dê ao trabalho de seguir o caminho que melhor lhes serve os interesses, coisa que para já está muito relutante em fazer.


É neste pano de fundo que se inscreve a greve geral europeia. Nas palavras oportunas de Daniel Oliveira: "Nuns casos, a greve serve para, através dos prejuízos que causa ao empregador, obrigá-lo a recuar numa imposição que se considera abusiva. Essas greves devem ser feitas antes das decisões estarem tomadas e por tempo suficiente para que o prejuízo seja tal que obrigue a uma negociação ou a um recuo. Outras greves são uma forma de manifestar uma posição. É o que geralmente acontece com as greves gerais."

 

Mais claro não se pode ser: "manifestar uma posição". A posição da esquerda dos países aflitos, e que é esta: quereis uma moeda única? Nós também. Mas isso cria desequilíbrios permanentes, e nós queremos governar com défices, por isso fazem favor de transferir caroço.


Fiz greve uma vez na vida: quando me recusei a contribuir com um dia de trabalho para a Nação. Mas se esta fantasia de agora tivesse a mais remota hipótese de sucesso, VV. Exªs teriam aqui um grevista de primeira apanha. Até seria capaz de ir de braço dado com um moço com aspecto de fedayeen e dizer-lhe, comovido: se isto não é povo, onde é que está o povo, pá? 

Greve geral e Feriados

Miguel Félix António, 26.03.12

Qual é a similitude entre a greve geral e os feriados? Simples, a sua banalização. E quando se banaliza qualquer coisa, ela perde todo o sentido e ninguém lhe liga.

 

Temos muitos feriados e por isso ninguém lhes liga, salvo se houver dinheiro para gastar nas catedrais do consumo ou se estiver bom tempo para ir para a praia. Aí todos valorizam o feriado, mas não pelas razões pelas quais o dia é feriado.

 

O feriado tem que ser pela sua própria natureza, um dia extraordinário, precisamente porque assinala um facto ou circunstância excepcional. Que merece ser comemorado e devidamente assinalado. Não para se fazer o que se pode fazer em qualquer dia de férias, ou em qualquer dia de descanso semanal. A grande maioria dos feriados que temos em Portugal estão banalizados e uma larga maioria de portugueses nem imagina o que se comemora. Se queremos feriados dignos do nome, porque eles expressam algo com profundo significado, temos que os racionalizar.

 

O mesmo com a greve geral. Banalizaram-na e tiveram a resposta no passado dia 22. Quase ninguém, excepto meia dúzia de instalados que ainda não perceberam os novos tempos, lhe passou cartão!

País do terceiro mundo em que a polícia agride jornalistas.

João Gomes de Almeida, 23.03.12

Portugal sempre foi um país próspero em abusos policiais. Não o adianta negar. As nossas forças policiais têm o rei na barriga e no dia-a-dia gostam de dar provas mais do que evidentes disso. Como se não bastasse, os nossos polícias são na esmagadora maioria profissionais com pouca formação, pouca cultura e com uma necessidade imensa de demonstrar a sua autoridade. Poderia ser este um problema menor, caso isto acontecesse apenas nas camadas mais baixas da graduação policial. No entanto, a julgar pelos comunicados da PSP emitidos hoje - onde se desresponsabilizam os polícias agressores e se criticam os jornalistas que "não ficaram atrás das barreiras policiais" - este parece ser um problema transversal, que afecta também as chefias.

Urge que alguém tome medidas e resolva estes problemas de abuso e violência - que tão mal fazem à imagem do país - através de sanções disciplinares exemplares, para que casos como este não se repitam. 

As imagens dos polícias agressores existem e estão por todo lado. Resta às chefias policiais (e ao poder político) identificar os agentes agressores e puni-los, saneando-os da PSP. Trata-se de um assunto de segurança do estado e de liberdade de imprensa. E neste caso terão que rolar cabeças.

Desacatos

jfd, 23.03.12

Irrita-me o politicamente correcto. Irrita-me a má formação de alguns elementos da PSP. Irritam-me os sedentos de sangue e de desgraça que procuram nas imagens de ontem o início do declínio de uma sociedade que está a viver sacrifícios com responsabilidade e que ontem demonstrou que se está maioritariamente e literalmente a #$%"! para manifestantes com teias de aranha.

Respeitem os desempregados. Respeitem quem quer trabalhar. Respeitem os protestos legítimos e encaixados neste século.

Esses senhores e senhoras que decidiram pegar em pedras e cadeiras no Chiado já de manhã tinham feito das suas aqui pelas minhas bandas.

Não foram nem pacíficos nem bem vindos. Fizeram-se convidados, fizeram-se ouvir e entraram onde não foram chamados nem desejados.

Depois, mais tarde, fizeram o favor de encenar o palco para as fotos e imagens da discórdia. Afinal é preciso vender e ampliar junto da irresponsável comunicação social, não fosse esse o veículo de minorias. Legítimas e ilegítimas. É a pérfida comunicação social que temos. Não é de agora.

Eu, sempre que vi desacatos, afastei-me. Não é a minha natureza, não é a minha forma de lutar, não é meio para fim nenhum.

Irritam-me os mártires.

Irritam-me as averiguações e os pedidos de explicação. Quem fez levou. Quem não devia ter dado que seja castigado. Que se tirem ilações. Que se aprenda para o futuro. Que não se repita!

Deixem os revoltados revoltarem-se. Mas estes que deixem quem quer viver e trabalhar fazê-lo sem ter de levar com a sua ladainha sem fim, propósito ou ponta por onde se lhe pegue, interferindo com a sua liberdade de não ver perturbada a sua normal vivência social.

 

Foi este lindo cenário que estes senhores fizeram o favor de exportar para o mundo, totalmente descaracterizado, no dia em que somos destaque na BBC Travel.

Obrigado por nada.

Uma tristeza...

Fernando Moreira de Sá, 23.03.12

Imaginem uma greve geral sem história. Agora imaginem que a PSP resolve fazer história com a greve geral. Impossível? Não.

O comportamento da PSP foi, no mínimo, deplorável. Uma situação banal, típica nestas coisas, descamba num arraial de porrada com a PSP a bater em tudo que mexe. Enfim, nada que me espante. Amanhã, depois de tudo ter acalmado, vão regressar aos costumeiros esconderijos atrás das moitas nas bermas de estrada com os seus radares. A caça à multa regressa dentro de momentos. O profissionalismo devido, esse, pode ser que chegue um dia...

O peso das minorias

João Espinho, 22.03.12

Hoje é um dia particularmente feliz para as minorias.  Com os seus 8% (expressão eleitoral do PCP/CGTP) impõem ao país os devaneios e as consequências daquilo a que chamam justa luta. Pouco interessados em tirar o País do buraco, tudo farão para que o desemprego aumente pois só assim  sobreviverão para apregoar a cartilha  da luta de classes e de outras coisas que, felizmente, não criram muitas raízes nas sociedades livres e democráticas.
À noite estaremos atentos à divulgação dos números e do peso das minorias. E do pesadelo para uma larga maioria  de portugueses.

(também aqui )