Memórias da II Guerra Mundial - Winston Churchill
Saber o passado é sem dúvida uma das vias para melhor se compreender o presente e perspetivar o futuro, com estas memórias Winston Churchill foi laureado com o prémio Nobel da literatura em 1953, livros que não pertencem ao domínio da ficção ou da poesia.
O presente livro é uma compilação do autor dos seus anteriores 6 volumes de memórias, mesmo assim, este resumo continua extenso, mas tem a virtude de mostrar uma visão pessoal dos tempos que foram desde o fim da primeira grande guerra até uma década depois do fim da II Grande Guerra (IIGG), época em que se começou a sonhar com uma Europa unida que deu origem à União Europeia.
A obra apresenta uma escrita descomplicada, por vezes com excertos de correspondência oficial e pessoal do período a que dizem respeito os acontecimentos relatados, o que permite compreender como este homem viu, temeu e previu o que levou à IIGG e como lhe foi parar às mãos a árdua tarefa de enfrentar Hitler, isto após um conjunto de erros que conduziram a que este ditador, não só tomasse o poder na Alemanha, como também se tornasse uma ameaça a todo o mundo livre da Europa.
Uma ideia é justificada na primeira parte do livro: nunca a Europa teve tanto tempo e possibilidade para evitar uma guerra como antes da IIGG, mas a cobardia minou as democracias e deu força ao ditadores.
Depois dá para ver como os erros do passado saem muito caros no futuro e por vezes quem os tem de corrigir não são os culpados da história, contudo a determinação é difícil embora fundamental, sobretudo quando taticismos ensombram a boa vontade nos momentos de enfrentar os problemas, mas não se pode desistir quando os valores da liberdade estão em perigo.
Ironicamente, o homem que salvou a democracia foi o primeiro a ser derrotado por esta na época da sua vitória na guerra.
Um extenso livro repleto de pensamentos que dão para perceber muitos dilemas de alguém que teve de enfrentar os problemas dos povos num período que mudou a Europa... que talvez tenha sido mesmo o início do declínio do velho mundo, mas isto já é uma reflexão minha.