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Forte Apache

O Circo.

Fernando Moreira de Sá, 27.11.12

 

 

O deputado do CDS, João Almeida, ainda não percebeu.

 

É uma pena. Se tivesse percebido, não teria de fazer esta figurinha triste. Não percebeu algo simples e claro em política: coragem. Mais, honestidade intelectual. Se tivesse percebido, tinha feito como o seu colega Rui Barreto. E no fim, tirava a conclusão lógica, a mesma que espero Rui Barreto tire: adeus AR ou, quando muito, adeus CDS. É o mínimo.

 

Aceito que se vote contra. Aceito que se viole a disciplina partidária. Mais vale do que violar a nossa consciência. Agora, votar a favor do orçamento e depois lançar umas "bojardas" contra o que se votou antes, é circo. É não ter tomates. É não se dar ao respeito.

 

Tenho pena, sempre admirei o João Almeida. Lamento este seu número de circo. Mesmo sendo quase Natal. Altura em que o circo chega à cidade. Pelos vistos, já chegou à AR e o deputado do CDS quer assumir o papel de palhaço. É, repito, pena.

A língua de pau

José Meireles Graça, 15.02.12

Toda a gente se queixa da língua de pau dos políticos, palavreado recheado de fórmulas que não querem dizer nada.

Os spin doctors que, cá como em todo o lado, aconselham candidatos a lugares de eleição política, ensinam sobretudo a arte de não afastar ninguém do universo de possíveis eleitores e prometer o quanto baste para ganhar o voto, de modo suficientemente vago para mais tarde não haver acusações de quebra de promessas.

Resulta: Todos os Presidentes da Republica foram tanto mais populares quanto mais se refugiavam em declarações genéricas e discursos jesuíticos. Estes últimos, se ninguém os perceber, melhor: que cada partido ou fazedor de opinião interpreta como lhe dá jeito, o cidadão imagina-se burro ou ignorante e o Presidente cavalga triunfante as sondagens.

Cavaco, neste segundo mandato, tem-se aventurado a dizer coisas de improviso, o que no caso dele é um risco acrescido, e já deve ter sido aconselhado a, quando inquirido, desejar compungidamente o bem de todos os Portugueses e sofrer com eles em silêncio, se quiser acabar o mandato em ombros.

Mas não é de Cavaco que quero falar. Um deputado do CDS teve hoje a ideia peregrina de afirmar que "os funcionários públicos que não concordam com maior mobilidade dos trabalhadores do Estado podem negociar a rescisão de contrato", acrescentando, para agravar o caso, que "o Estado não pode pedir aos contribuintes para pagarem impostos para terem funcionários públicos que não são precisos e que não estão a prestar o seu serviço".

Caiu-lhe o Carmo e a Trindade em cima. Esta Senhora, por exemplo, promete-lhe encharcados. E Bagão Félix, um correligionário informal e pessoa que tenho na maior consideração, opina que não se pode falar assim quando há pessoas em jogo, além de que a medida pode tropeçar, por exemplo, na indisponibilidade de casas para arrendar.


Eu acho que a Lei pode e deve contemplar razões atendíveis, a do arrendamento entre outras. Mas entendo também, com a devida vénia, no meu caso genuína, ao Dr. Bagão Félix, que é precisamente assim que se deve falar.