"Ser comunista em 2012 não é uma escolha política, mas uma questão existencial. Os níveis globais de desigualdades políticas, económicas e sociais, que vamos atingir este ano por causa das lógicas de produção do capitalismo, não são apenas alarmantes mas ameaçam a nossa própria existência."
"O comunismo enfraquecido que temos em 2012 não aspira a construir uma outra União Soviética, mas propõe modelos democráticos de resistência social fora dos paradigmas intelectuais que dominaram o marxismo clássico".
O homem tem um résumé de respeito - se eu fosse impressionável imaginava que os textos aspados acima não querem dizer o que neles leio, e passava ao lado. Felizmente, o palavreado pretensioso anula-me o respeito pela Academia e por isso estou à vontade para interpretar.
Vejamos: os governos nos nossos países (Portugal, Espanha, Itália...) são eleitos pela maioria dos eleitores; dificilmente os comunistas, mesmo cavalgando a crise, ultrapassarão os 10%. Se se lhes somarem os compagnons de route, os primos, os radicais e alguns ingénuos, dificilmente se chegará aos 20%; com descontentes e indignados genuínos, não contemplados nos grupos anteriores, triturados pelo desemprego e misérias várias, um pouco mais. Logo, o que o ilustre Professor chama "modelos democráticos de resistência social" são na realidade manifestações e happenings mais ou menos impotentes.
A situação é explosiva? É. Pode o edifício que conhecemos da UE, do Euro, das prestações sociais, desmoronar? Pode.
E, em caso de explosão, os comunistas moderninhos, que acreditam ou fingem acreditar no comunismo de rosto humano, podem ser os herdeiros dos cacos? Não, não podem - já foi tempo. Para achar que não é assim é preciso ter Fé.
A Fé é que os guia. E isso não se discute.