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Forte Apache

Sócrates é Deus na Terra

jfd, 02.04.13

Sócrates não arrastou consigo apenas uma tempestade política com este seu retorno a Portugal. Trouxe também as condições meteorológicas ideiais para provar o seu ponto de aposta nas renováveis. Eu acho muito bem. Até já exportamos energia!

Bendito seja!

 

(...)

O que não é normal, segundo as mesmas fontes, é estarmos já no sexto dia consecutivo (27 de março a 1 de abril) com o sistema eletroprodutor quase 100% assente em fontes de energia renováveis, com destaque para as eólicas e para as barragens.

Outra nota de destaque vai para o facto de em todos esses dias Portugal ter produzido mais do que necessitava para consumo interno, o que acabou por resultar num incremento das exportações de eletricidade.


Regresso ao passado

Pedro Correia, 28.03.13

José Sócrates tem, naturalmente, todo o direito à palavra. Ninguém aliás lhe negou esse direito: o ex-primeiro-ministro quebrou só agora o silêncio porque assim o entendeu. E vai voltar a quebrá-lo em sessões contínuas no canal público de televisão, algo sem paralelo na Europa. Ninguém imagina Tony Blair a analisar a governação de David Cameron como comentador residente da BBC, ou José Luis Zapatero a fazer marcação a Mariano Rajoy com púlpito semanal na TVE, ou Nicolas Sarkozy a dissecar regularmente os actos de François Hollande como animador político nos estúdios da France 2.

O problema de Sócrates não é o silêncio. O problema não é sequer esta originalidade tão portuguesa de ter como comentadores televisivos, como se fossem figuras isentas, alguns dos maiores protagonistas da cena política doméstica, que a todo o momento teriam necessidade de fazer declarações de interesses: afinal de contas, só os escuta quem quer.

O problema de Sócrates é surgir como um insólito plágio de si próprio. Para ter verdadeira eficácia, precisaria de ser um Sócrates reinventado. Precisaria de surpreender os portugueses, recriando-se como figura pública neste seu regresso ao comentário televisivo num remake do tirocínio mediático que o guindou à liderança do PS, em 2004.

Mas, na longuíssima entrevista à RTP, surgiu afinal o Sócrates de sempre.

A entrevista esgotou-se num anacrónico regresso ao passado, transportando-nos a 2011. E serviu para confirmar como a vida política acelera de forma vertiginosa. Foi apenas há dois anos e parece ter sido há duas décadas.

Na política, como no teatro, é fundamental não falhar o tempo - por lentidão excessiva ou manifesta precipitação. Sócrates é um actor consumado, mas ficou-me a sensação de que falou no tempo errado. Algo ainda mais estranho porque foi ele mesmo que o escolheu.

Também aqui

A caminho de Belém

Francisco Castelo Branco, 21.03.13

O anunciado regresso de Sócrates à vida política só tem um propósito: o Palácio de Belém. Na minha opinião, o ex-PM não se submetia a ser comentador senão tivesse uma ambição muito grande de ser Presidente da República. O timing e a forma são perfeitos, embore eu considere que os portugueses ainda não se esqueceram da porcaria que ele fez. Mas com o tempo......

José Sócrates na RTP

jfd, 21.03.13

Corre uma petição contra a presença de José Sócrates na RTP.

Um autêntico disparate no meu entendimento.

O senhor que venha comunicar. Tem esse direito. E assim como pedi respeito ao ex-PM Santana Lopes, também o faço para o ex-PM Sócrates.

Agora, que não se misture respeito com direito à crítica e ataque político.

É muito interessante assistir aos editoriais, opiniões e pseudo-opiniões. O twitter então está um festim.

 

 

Será que Seguro vai interromper a primeira entrevista a José Sócrates?

 

Saber escrever, saber falar

jfd, 03.01.13

Tenho muito respeito por Edite Estrela:

a) porque me ensinou a falar melhor português

b) porque me ensinou a escrever melhor português

c) porque sempre me ignorou como troll no seu twitta e nunca me bloqueou

d) porque sabe marcar jantares com classe e gente importante

 

Só tenho pena que ainda não haja a versão Novo "Edite Estrela" Acordo....

 

O cano

José Meireles Graça, 23.06.12

 

Saudades de Sócrates: o país tinha um homem forte e determinado ao leme, trabalhador incansável e orador notável. Num dia típico, ia de manhãzinha a Vila do Conde salvar a Qimonda, antes do almoço inaugurava um troço de autoestrada, de tarde esmagava a oposição apresentando luminosos projectos de desenvolvimento com TGVês, programas tecnológicos, energias renováveis, computadores para as escolas, elas própria remodeladas com gosto e luxo, e, à noite, não descurava a cultura, indo ver uma peça teatral, ou um filme que não se teria feito sem o patrocínio do Estado - bons tempos.

Não deve ter havido governante, desde os tempos de Fontes Pereira de Melo, que tantas primeiras pedras tivesse lançado de tanto investimento que nos iria tirar do nosso atávico atraso. E por isso, e porque as pedras ainda as temos todas ao pescoço, não conseguimos esquecê-lo.

Fez escola e deixou seguidores, e não apenas entre os seus correligionários. De quando em vez, vemos relampejar nos lugares mais inesperados o espírito Sócrates.

Por exemplo: os pescadores da Afurada estão desde sempre segregados dos esplendores da Foz, separados pelas revoltas e traiçoeiras águas do Douro? Há condutores que chegam, na Ponte da Arrábida ou do Freixo, em horas de ponta, a esperarem para cima de meia hora? As cidades do Porto e Vila Nova de Gaia estão incompreensivelmente separadas, quando, se estivessem juntas, qualquer delas ficava maior?

Nada que três pontes e um túnel não resolvam. Fallait y penser.

É o que Luís Filipe Menezes diz. Porém, a mim ocorreu-me, sem pôr em causa a necessidade ingente de unir as duas cidades, que haveria talvez um processo mais radical de conseguir aquele desiderato: bastaria encanar o Douro, entre a Foz e o Freixo, urbanizando o larguíssimo espaço por cima do cano e assim subtraindo a uma natureza hostil milhares de hectares. Ficaria talvez um pouco mais caro mas as boas ideias - não é verdade? - não têm preço. 

É uma tentação

João Espinho, 09.03.12

E poucos são aqueles que têm sabido resistir-lhe: ajustar contas com o passado (ou com os adversários) escrevendo autobiografias que só servem para alimentar o ego e relatar episódios que, em princípio, são desconhecidos do grande público. 

Há também esta moda dos presidentes compilarem discursos e, moda mais recente, de tentarem fazer um balanço autobiográfico das suas viagens, passeios ou "roteiros". Aquilo que deveria ser o tronco essencial das "memórias" reparte-se assim por vários volumes, de consulta e efeito rápidos.

O caso de Cavaco Silva torna-se mais grave, pois decidiu-se a "fazer história" num prefácio de  duvidosa oportunidade. Para quem acompanhou o "casamento" entre o actual Presidente e o anterior Primeiro-Ministro, o azedume vindo agora a lume não faz sentido e só pode indiciar que Cavaco Silva se prepara para fazer política dura, ele que se se diz pouco talhado para a política. Aguardemos  pelos próximos capítulos dos roteiros de Cavaco Silva onde ficaremos a conhecer melhor os contornos desta coabitação com Passos Coelho. E espera-se que o Volume 7 de Roteiros não tenha prefácio. Para bem de todos nós.