O jornalismo do bitaite
Volta e meia, lá vem a notícia útil. Os boys nomeados pelo governo que infestam os gabinetes ministeriais. É pior que uma praga bíblica. Autêntica pandemia que degrada a ética e a moral reinantes na sociedade portuguesa.
O Público denuncia (a palavra informa não se aplica), na sua edição on-line, 41 nomeações de jovens com menos de 30 anos de entre as centenas de nomeações do actual governo (poderão ser de 2 a 20, 100, 1000 centenas, depende do estado de espírito e da fantasia do leitor). O autor do artigo mostra-se deslumbrado pelo fabuloso destino destes jovens. Um mundo de sonho, pode deduzir-se a partir do expressivo título. Uma vez que o artigo não justifica a utilização do adjectivo, facto que me parece curioso, relevante e revelador da intenção do mesmo, resta imaginar o dolce far niente em gabinetes faustosos, nas escassas horas de serviço, a remuneração de sonho e todas as mordomias e regalias como motorista, subsídios de deslocação ou de inércia (tanto dá), e o demais que roubam. Fica ao critério e imaginação de cada um. O autor do artigo só adianta que a vida é fabulosa, cabe-nos papar a coisa por certa.
Ficamos ainda a saber que alguns destes boys lá chegaram através de contactos partidários, imagine-se ao que chegámos!, outros por conhecimentos pessoais e outros ainda por mérito curricular, depreendendo-se da narrativa que os últimos são casos excepcionais, evidentemente. O artigo lembra que Passos Coelho prometeu ser contido nas nomeações e que as faria baseando-se no mérito. No entanto, de entre as 41 nomeações em análise, 15 não cumprem esse critério porque os nomeados provêm das juventudes partidárias. Ora, é por demais sabido que as juventudes partidárias são um enxame de parasitas imbecis cujo QI rivaliza com qualquer invertebrado (menos o polvo, cuja inteligência é sobejamente reconhecida como nos deu conta o José Meireles Graça). Nestes 15 não reside mérito possível, são pura escória-abana-bandeirinhas sem qualquer utilidade e valor.
Interessava saber, para que o artigo pudesse vagamente lembrar uma peça jornalística, quantos são os nomeados por via de conhecimentos pessoais e que conhecimentos são esses. Interessava ainda saber, se têm sido bem sucedidos no exercício das suas funções. Ora essa, que ingenuidade a minha!, são jovens nomeados com um destino fabuloso! Um destino fabuloso certamente não inclui trabalho!