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Forte Apache

Professor sed Professor

jfd, 24.07.13

Uma medida de 2007 foi finalmente enviada aos sindicatos, sendo negociada no final da semana. Desejo eu que seja aprovada sem muita fanfarra.

 

Todos os professores contratados vão ter de passar a realizar uma prova de acesso à carreira, a partir de Janeiro de 2014. Além disso, só os professores com mais de 14 valores na prova são considerados como aptos e podem dar aulas.



Deixo aqui dois pontos:
1) Obviamente que é uma medida que faz todo o sentido e não compreendo todo o ruído à sua volta. Velhos do Restelo, digo eu.
2) O que diz dos professores de carreira quando apenas os contratados têm de provar os seus conhecimentos? Fosse eu um deles, quereria também ser avaliado assim. Afinal a profissão é a mesma. Mas a distinção é apenas aquela que é o maior calcanhar de Aquiles da nossa sociedade - o vínculo laboral ao Estado.

O Clube dos Poetas de Esquerda Mortos

José Meireles Graça, 28.03.12

"Os saudosistas da escola salazarista são muito especiais: tecem loas ao método tradicional daquele tempo, à memorização matraqueante de datas, nomes de rios..."

 

Li isto com satisfação, julguei que era comigo. Mas não, o inimigo era o Ministro Crato - é sempre a mesma coisa, às pessoas insignificantes como eu ninguém insulta.

 

Realmente acho que o sistema salazarista de educação primária e secundária, se se lhe descontar o nacionalismo estreme, a doutrinação católica forçada, a glorificação do regime e alguma violência e autoritarismo; e se se lhe fizer a necessária actualização científica e alguma correcção curricular (por exemplo, o Francês deixou de ter a importância que tinha ainda há poucas décadas) compara bem com o descalabro abrilista.

Não é que as gerações rascas tenham maiores quantidades de calinos ou sequer de ignorantes; pelo contrário, a massificação do ensino levou a que o número absoluto de alunos com conhecimentos e até brilhantes tivesse crescido - a pool de gente a quem foi ministrado algum conhecimento é muito maior.

Mas isto foi feito, como aconteceu com outros sectores que registaram algum sucesso, sem perguntar se a comunidade podia sustentar indefinidamente despesas crescentes; à boleia da ideia fantasiosa de que o investimento na educação é sempre reprodutivo; e destruindo selvaticamente tudo o que o regime defunto pôs de pé, na crença de que atirar fora a água suja do banho, e o menino com ela, se justificava porque estava tudo infecto.

O Sérgio Lavos, o Professor Santana, inúmeros outros, devem achar que isto é assunto para especialistas, brandindo estatísticas e estudos - certas estatísticas e certos estudos, consoante se está à direita ou à esquerda e se pertence ou não à burocracia pública e a grupos de interesses.

 

A mim basta-me meia dúzia de princípios sãos, e os olhos e ouvidos abertos, para: ver e ouvir professores de história com boas classificações mas incapazes de se localizarem no tempo histórico; professores de Português que escrevem e falam num dialecto tosco da Língua que supostamente ensinam; e guardar um militante cepticismo em relação às teorias pedagógicas do Clube dos Poetas Mortos e modernidades sortidas.

Crato fez e vai fazer muitas asneiras, como outros antes dele. Detalhes, que está no caminho certo - como os outros não estiveram.