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Forte Apache

Jornalismo????

Fernando Moreira de Sá, 05.01.13

Como é habitual ao sábado, rumei ao quiosque do costume para adquirir os jornais. Pedido o cimbalino da praxe, a leitura começou. Quando chegou a vez do Público, esbarrei numa notícia da página 8. O título é todo um processo: "Menezes apoia-se na RTP para levantar bandeira da defesa da região Norte". Logo no arranque a surpresa: "Depois de muitos silêncios, Luís Filipe Menezes fez um apelo para que a RTP2 fique no Porto". Fiquei espantado. Imediatamente, fui ver a data da publicação. Por alguns segundos pensei, a sério, que me tinham vendido um exemplar antigo do jornal. Mas não. Era mesmo de hoje.

 

Espantado de todo, continuei a ler: "As declarações de Menezes causaram estranheza no seu próprio partido (...)ou mesmo quando a administração da RTP tomou a decisão de produzir em Lisboa o Praça da Alegria...".  Ou seja, a notícia (?) dava a entender que LFMenezes nada tinha dito quanto ao caso "Praça da Alegria". Que coisa mais estranha! Mesmo tendo eu a certeza que não estava doido, dei-me ao trabalho de procurar algumas notícias da altura e verificar qual tinha sido a posição de Luís Filipe Menezes. Ora, vamos por partes:

 

No dia 6 de setembro, reparem, 6 de setembro de 2012 (ainda nem se falava na questão do Praça da Alegria), na apresentação do Porto Wine Fest, Luís Filipe Menezes afirmou à Comunicação Social: "o processo em curso na RTP deve ser uma nova oportunidade para a RTP Porto e os seus estúdios que podem ser o grande centro de produção do serviço público, nomeadamente aquilo que tem a ver comprodução da RTP Internacional, África, serviços de cultura e língua portuguesa", transcrevi da peça da LUSA. Ou seja, logo a 6 de setembro. Pior, a 14 de Dezembro, sexta-feira, o Jornal de Notícias publica a notícia, que caiu que nem uma bomba, da passagem do Praça da Alegria para Lisboa. E o que diz, a dada altura, a referida peça: "Em comunicado desta sexta-feira, a Subcomissão de Trabalhadores da RTP questiona a transferência (...) também os deputados pelo Porto do PS, hoje, criticaram a deslocalização (...) e antes, quinta-feira"...reparem bem neste pormenor, "Antes, quinta-feira, o presidente da Câmara de Gaia e candidato à Câmara do Porto, Luís Filipe Menezes, ameaçou levantar a sua voz com violência para salvaguardar a importância dos estúdios nortenhos da RTP. O autarca, citado por diversos órgãos de comunicação social, considerava que a gota de água seria a concretização da possibilidade do programa Praça da Alegria passar a ser emitido a partir dos estúdios de Lisboa". Reparem nesta notícia do dia 18 de dezembro na RTP...Aqui é de viva voz.

 

Perante semelhante, voltei a pegar na "notícia"(?) do Público. E fui ver quem a escreveu. Posso estar enganado, até posso mas, pela experiência de muitos anos, tenho quase a certeza que esta primeira parte da "notícia"(?) foi escrita pela jornalista Margarida Gomes. É o seu estilo, a sua impressão digital e é sempre assim e desta forma. Só que, desta vez, Margarida Gomes foi longe demais. Isto não é uma notícia. Eu não acredito que a jornalista Margarida Gomes, sempre tão atenta aos meandros da política do Porto, não tenha lido as notícias que de setembro a dezembro foram publicadas no Jornal de Notícias, no Correio da Manhã, enviadas para as redacções pela LUSA, publicadas no semanário Grande Porto, no seu próprio jornal, no Porto24, na RTP, SIC, TVI, Porto Canal, entre tantos outros. Não acredito!

 

Esta primeira parte da "notícia"(?) publicada no público, na sua página 8 da edição de hoje, não é uma notícia. Ora, Margarida Gomes tem todo o  direito de querer ser "Consultora de Comunicação". Todo. Para isso terá de fazer como eu e muitos outros, entregar a carteira profissional e dedicar-se a esta, igualmente nobre, profissão. Estar a debitar umas coisitas, mal amanhadas, sem se dar ao trabalho de verificar se as pretensas fontes não estão a mentir - o que era tão simples, eu demorei meia dúzia de minutos no google - não é sério. Ainda para mais quando se fala que a jornalista em causa até pode estar a caminho de subir dentro do jornal. É com exemplos como este, tão básico, que a credibilidade de um jornal é atingida e, questão fundamental, é colocado em causa o profissionalismo de toda uma equipa que, estou certo, não merece. Neste caso, por me ser próximo, por me ter envolvido na questão RTP Porto, facilmente dei por ela. Agora, no resto, em temas que até nem sou conhecedor, como querem que acredite no que amanhã possa ser publicado no Público? O legado de jornalismo de excepção deste diário não merece. A sério.

 

Que Margarida Gomes não goste de Luís Filipe Menezes, está no seu direito. Agora, que use o jornal onde trabalha para publicitar mentiras descabeladas é que não lembra nem ao careca. Não é jornalismo. É outra coisa. Incompatível com a primeira.

Miguel Relvas ilibado pela ERC

jfd, 19.06.12

Lê-se assim no Expresso, edição on-line, hoje pela tardinha. Sim cara Catarina. O Expresso, sempre ele. Nutro porventura, da mesma simpatia que terás pela linha editorial, que considero paradoxalmente fora e, ao mesmo tempo, dentro do armário. Por vezes a veia de oráculo chega a ser por demais surreal.

Desta vez diz-se haver um relatório de técnicos da ERC. Desmentido por esta. Mas aquele terá ainda de ser votado naquela. Claro está que é facto jornalístico realçar que o Ministro tem na ERC uma amiga. Facto do mais relevante que existe. Enfim. Mas o que espera o jornalista do Expresso? Que a ERC vote contra um alegado documento contendo factos que a própria encomendou? Documento esse que vai de encontro aquilo que o Expresso fez questão de fazer rodar e rodar nas suas páginas? Até gente anónima de esquerda estranhou tanta afinidade com o assunto!

Quero acreditar que a ERC não é o Público, e que na ERC não se passará aquilo que naquele diário passou cá fora e indignou muito boa gente.

 

O Mundo gira ao contrário

catarinabaptista, 29.05.12

A silly-season costuma ser em agosto. O mês em que as portuguesas e os portugueses, em grande maioria, vão a banhos ou à terra. E Lisboa, como Coimbra, fica deserta. O mesmo se passa nas redações. Vale a Lusa e os estagiários para se alimentar os jornais. 

Pelos vistos, este ano o verão chegou mais cedo às redações. Hoje, por exemplo, o Jornal de Negócios vibrou com a ida de Santana Lopes a Moçambique. O motivo "noticioso" foi a sua estadia no Polama. A sério. Fiquei sem saber qual o problema da Sojogo, o motivo da viagem. Porém, o Jornal de Negócios preferiu outra abordagem: o preço da suite do Polana. Não foi a Evasões ou a Volta ao Mundo. Foi o Jornal de Negócios.

A partir de agora, todo o cão e gato que se desloque a Moçambique já fica a saber que a suite do Polana é coisinha para 600 euros de diária e que o melhor é ficarem hospedados num Ibis ou coisa que o valha, caso contrário, é notícia pela certa no Jornal de Negócios. Santana Lopes é presidente de uma instituição não pública que paga 73% dos seus proveitos em impostos (segundo o Rui Calafate). Aguardo, serenamente, próximas "notícias" sobre a viagem de Ricardo Espírito Santo Salgado, Paulo Azevedo, Luís Filipe Vieira e outros responsáveis de grandes instituições nacionais a Moçambique. Santana, já se sabe, fez como o homem da UGT e ficou no Polana. Pode ser que estes, para evitar a silly-season, prefiram coisa diferente, talvez esta modesta unidade hoteleira.

Para o Jornal de Negócios não ficar sozinho nesta batalha pela antecipação da silly-season, o conselho de redação do Público demite-se e a directora do jornal lança mais uma "arma de diversão massiva".

 

Minhas amigas: É Verão.

Será que o Público está internamente em guerra?

Fernando Moreira de Sá, 20.05.12

Reparem, a Directora do Público afirmou ao i que o Conselho de Redacção do Público fez "uma manipulação intolerável dos factos". Mais, diz também que nenhuma notícia do caso das secretas deixou de ser publicada.

 

Hoje ficou-se a saber que, afinal, o Ministro Miguel Relvas nunca falou directamente com a jornalista em causa e que lhe foram dados 30 minutos para responder a todas as perguntas (enviadas por mail).

 

Por tudo o que já vi escrito nos jornais, mais parece estarmos perante uma guerra de poder interno no Público. A ser assim, é de enorme gravidade usar o nome de terceiros para batalhas internas de poder numa redacção. Ainda por cima quando o "usado" é um ministro. Como dizia o VPV, o mundo está a ficar perigoso...