Primeiro foi Monteiro, Manuel Monteiro. Confiou no homem e foi trucidado politicamente até aos dias de hoje (uma das grandes injustiças da política nacional e castigo enorme pelo erro da criação do PND). Manuel Monteiro criou o Partido Popular nas cinzas de um CDS moribundo, ouvia Portas e este, quando se viu alçado ao poder, como verdadeiro número dois de Monteiro, foi aniquilando políticamente o seu amigo. Quem soprava para as redacções que era ele que escrevia os discursos de Monteiro? Que Monteiro só defendia e transmitia aquilo que ele lhe dizia? Quem lhe tirou o tapete independentemente da inabilidade política de parte substancial da equipa de Monteiro?
Mais tarde, foi Marcelo Rebelo de Sousa. Contra boa parte do seu partido, em especial o baronato, decide avançar com uma coligação com Portas. Pouco tempo depois, foi politicamente esfaqueado por Portas. Mais uma traição para o seu currículo e o fim da AD. Marcelo nunca mais foi líder do PSD e é hoje comentador televisivo.
Agora, Passos. Pedro Passos Coelho é a nova vítima. Em nome de um patriotismo bacoco, Portas manteve um silêncio ensurdecedor ao longo da semana mais negra deste governo para, hoje, uma vez mais travestido de virgem ofendida, espetar uma faca nas costas do Primeiro-ministro. Uma vez mais. O mesmo actor principal. São coincidências a mais. E só não vê quem não quer.
Contudo, posso estar enganado, mas desta vez, como na parábola do sapo e do escorpião, Portas mediu mal as consequências e vai terminar politicamente afogado. Como o escorpião.