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Forte Apache

O Escorpião

Fernando Moreira de Sá, 03.07.13

As redes sociais são excelentes para tropeçar em coisas que valem a pena ser recordadas.

 

O dr. Paulo Portas nunca, nunca, na minha opinião, se importou muito de afastar essa vertente dos negócios da sua pele, o que, para mim, foi uma surpresa total. O combate que travámos contra o cavaquismo era contra as pessoas que estavam na política para se servirem, para trazerem clientes e negócios para os seus escritórios,e eu apercebi-me de que isso tinha mudado

O algodão não engana...

Fernando Moreira de Sá, 03.07.13

 

Sempre o disse e escrevi. Variadas vezes fui criticado, internamente, por esse facto. Hoje, uma vez mais, o tempo veio dar-me razão. Infelizmente. Basta olhar para este simples parágrafo da comunicação de PPC:

 

Eu próprio tenho de manifestar a minha surpresa. Quando ontem propus ao sr. Presidente da República a dra. Maria Luís Albuquerque para Ministra das Finanças, e os seus Secretários de Estado, que incluem um membro do CDS e que tinha sido confirmado pelo dr. Paulo Portas, os acontecimentos de hoje eram evidentemente impensáveis.


Alguém acreditava que Portas era de confiar? Não aprenderam com o exemplo do que fez a Manuel Monteiro ou a Marcelo Rebelo de Sousa? É um clássico e sempre resultou. A ver vamos se continua a resultar...

Crise Governativa: Quando o parceiro deixa passar o momento certo

Carlos Faria, 02.07.13

Confesso que após décadas a acompanhar a política nacional nunca assisti a um espetáculo de crise governativa tão degradante quanto ao que hoje se assisti.

Compreendo que numa coligação existam negociações na repartição de ministérios e cargos de ministros, até admito descontentamentos a determinados nomes de uma das partes face a outra e se ao Primeiro-ministro cabe a prerrogativa de aprovar o nome final, ao parceiro cabe o direito de assumir atempadamente veto na negociação.

Agora não compreendo que um descontentamento sem ameaça de veto ou de demissão durante a negociação se torne depois do nome ser tornado público e de ser constituído o gabinete pluripartidário do novo ministro, o parceiro apresente uma carta de demissão no dia seguinte publicamente.

Quando há um casamento, o representante legal ou da religião questiona na hora de se dar o nó se alguém conhece algum impedimento para o contrato que se vai celebrar, implícito que se não for nesse momento, quem se calou deve continuar calado se não surgir nada de novo. Hoje assisti a alguém desrespeitar todos os princípios de confiança numa negociação, rompendo depois de ter sido publicamente assumido o nó…

Na política não pode valer tudo...

Assim de repente...

Fernando Moreira de Sá, 16.09.12

 

 

Primeiro foi Monteiro, Manuel Monteiro. Confiou no homem e foi trucidado politicamente até aos dias de hoje (uma das grandes injustiças da política nacional e castigo enorme pelo erro da criação do PND). Manuel Monteiro criou o Partido Popular nas cinzas de um CDS moribundo, ouvia Portas e este, quando se viu alçado ao poder, como verdadeiro número dois de Monteiro, foi aniquilando políticamente o seu amigo. Quem soprava para as redacções que era ele que escrevia os discursos de Monteiro? Que Monteiro só defendia e transmitia aquilo que ele lhe dizia? Quem lhe tirou o tapete independentemente da inabilidade política de parte substancial da equipa de Monteiro?

 

Mais tarde, foi Marcelo Rebelo de Sousa. Contra boa parte do seu partido, em especial o baronato, decide avançar com uma coligação com Portas. Pouco tempo depois, foi politicamente esfaqueado por Portas. Mais uma traição para o seu currículo e o fim da AD. Marcelo nunca mais foi líder do PSD e é hoje comentador televisivo.

 

Agora, Passos. Pedro Passos Coelho é a nova vítima. Em nome de um patriotismo bacoco, Portas manteve um silêncio ensurdecedor ao longo da semana mais negra deste governo para, hoje, uma vez mais travestido de virgem ofendida, espetar uma faca nas costas do Primeiro-ministro. Uma vez mais. O mesmo actor principal. São coincidências a mais. E só não vê quem não quer.

 

Contudo, posso estar enganado, mas desta vez, como na parábola do sapo e do escorpião, Portas mediu mal as consequências e vai terminar politicamente afogado. Como o escorpião.