Quando for grande quero ser...
Quando éramos miúdos gostávamos de brincar às profissões. Os meninos queriam ser bombeiros, astronautas, mecânicos, jogadores de futebol; as meninas queriam ser cabeleireiras, professoras, secretárias, enfermeiras; entre muitas outras coisas. Estas brincadeiras deliciavam-nos, mas estavam quase sempre desenquadradas da realidade. Os nossos pais educavam-nos para que tirássemos boas notas e prosseguíssemos os estudos. A menos que não houvesse capacidade financeira, quase todos queriam que entrássemos na universidade e tirássemos um curso superior que nos permitisse autonomia e sustentabilidade futura. Muitos pais condicionaram as escolhas dos filhos, antevendo dificuldades de integração no mercado de trabalho, outros, porém, alimentaram os seus sonhos na tentativa de permitirem que os filhos pudessem alcançar a liberdade de escolha que lhes havia sido negada quando tinham a mesma idade.
Todos temos histórias distintas, o contexto sócio cultural, a educação e as escolhas, que se misturam com as nossas aptidões e o nosso carácter, conduziram-nos por diferentes caminhos. Hoje em dia, muitos de nós estão frustrados e queriam voltar atrás, mas tal não é possível, o caminho é sempre em frente, ou então estagnamos e morremos na teia das nossas amarguras e desilusões. Escolher uma profissão é um risco que nos pode trazer maior ou menor retorno consoante as possibilidades que nos surjam. No entanto, o principal é sermos versáteis, flexíveis e adaptarmo-nos constantemente à mudança. Mais do que as competências técnicas, aquilo que se valoriza é o carácter do ser humano e a sua capacidade de inter-relacionamento. A técnica é algo que se aprende e que, independentemente de haver alguma aptidão prévia, se desenvolve com maior ou menor esforço, mas as qualidades humanas são inatas e condicionam tudo o que fazemos no nosso dia a dia. Seremos sempre melhores profissionais, se tivermos qualidades humanas que atestem os nossos princípios e valores.
As profissões e o mercado de trabalho estiveram sempre desajustados das reais necessidades, o que tem provocado elevadas taxas de desemprego ao longo dos anos. Saber o que se gosta é importante, mas vale muito pouco se não houver oportunidade de exercer essa atividade no mercado de trabalho. Não chega fazer o que se gosta ou ter uma boa remuneração, é fundamental avaliar o que se precisa e trabalhar para colmatar essas necessidades. A verdade é que nada de grande se consegue sem esforço, ninguém tem o que quer sem lutar para o conseguir e, nessa luta, há muitos passos: uns para trás, outros para o lado, uns em falso, outros arrastados; mas a certeza que o caminho é sempre em frente.