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Forte Apache

Cada vez mais longe desta forma de fazer política

Pedro Correia, 01.08.13

 

Tanto barulho para nada. Rui Rio arrisca-se a decepcionar uma vez mais aqueles que insistem em chamá-lo ao salão. Numa entrevista concedida em horário nobre à televisão pública, o ainda presidente da câmara do Porto voltou a aflorar o perigoso discurso antipartidos (como se não fosse membro de um, tendo sido aliás seu vice-presidente) com expressões de profundo nojo pela vida política (como se não desempenhasse há mais de duas décadas funções políticas).

Expressões como esta: "Sinto-me cada vez mais longe desta forma de fazer política." E esta: "Isto em que nós vivemos já nem sei bem se é uma democracia."

Palavras dignas de qualquer dos habituais intervenientes da Opinião Pública da SIC Notícias.

 

Seria de esperar algo um pouco mais profundo do ex-vice-presidente da JSD, ex-secretário-geral do PSD, ex-vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e ex-vice-presidente dos laranjinhas, que à beira de concluir 12 anos de mandato na Avenida dos Aliados fala como se não tivesse partido e recomenda - não recomendando - uma via alternativa. "Há um movimento do topo da sociedade portuense para a existência de uma candidatura independente, fora dos partidos", destacou, apontando em direcção de Rui Moreira sem no entanto ter o desassombro de anunciar que lhe destina o voto. A falta de clareza de alguns protagonistas é um dos principais problemas da nossa vida política, como há muito sustento. Incluindo aqueles que, como Rui Rio, tanto gostam de apregoar frontalidade.

De caminho, nesta entrevista, o autarca disparou contra Luís Filipe Menezes, indicado pelo PSD para concorrer à sua sucessão. Nada de admirar, dadas as públicas divergências que ambos mantêm há longos anos. Mas Rio - apresentado pela RTP como "um homem cuja palavra pode ser decisiva para o resultado final" - caiu num lapso: por duas vezes falou como se Menezes tivesse a eleição assegurada. A primeira quando disse isto: "Não posso apoiar, de forma nenhuma, quem vai fazer o contrário daquilo que estive a fazer." A segunda, aqui: "Tenho a obrigação ética de me demarcar muito claramente daquilo que eu sei que vai destruir tudo aquilo que foi feito [pelo Porto]." Tem a certeza de que Menezes vai fazer e vai destruir, doutor Rio? Essa forma verbal indicia que já dá por garantida a vitória do seu rival.

 

E da entrevista conclui-se o quê? Que Rio tenciona abandonar a política, ingressando na actividade privada, porque precisa de "ganhar um pouco mais pois os salários na política, ao contrário do que as pessoas pensam, são muito baixos".

Tem todo o direito de o fazer, como é óbvio. Mas afinal, com o actual autarca a dissolver-se em breve na nossa linha do horizonte, quem poderá protagonizar a regeneração por que tanto ansiamos na política portuguesa?

True Colors - Rui Rio

jfd, 31.07.13

Rui Rio não quis ser oportunista. Nem hipócrita. Apenas foi aquilo que sempre foi. Umbiguista, com pouco sentido partidário e de estado. É um político e não um Político. Essa prerrogativa lhe assiste. Mas ontem mostrou (de novo) as suas verdadeiras cores. Fica para a história julgar. Vergonhoso, digo eu. Houve e continua um bom trabalho no Porto. Merece a cidade ver isso marcado por vinganças pessoais? Por necessidade de preparar o seu pós-executivo? Por se esquecer qual o desígnio do seu mandato, da sua filiação e da sua responsabilidade?

Isto não é uma brincadeira de crianças mas sim um assunto muito sério.

Não creio que os apoiantes de Rui Rio, e principalmente de Portugal, se revejam no triste discurso a que ontem assistimos na RTP.

 

A perigosa retórica antipartidos

Pedro Correia, 17.07.13

 

No seu habitual espaço de comentário da TVI 24, Manuela Ferreira Leite louvou o «belíssimo discurso» ao País do Presidente da República. Como seria de esperar. Chegou a dizer o seguinte, que aqui registo para memória futura: «Se a atitude do Presidente da República provocasse um terramoto interno nos partidos não seria mau. Se há coisa sobre a qual a opinião pública não tem uma boa opinião é relativamente aos partidos», havendo portanto que «metê-los na ordem».

Anotei a perfeita sintonia destas palavras com declarações quase simultâneas de Rui Rio, também em claro elogio ao inquilino de Belém. «Não sei se os partidos se conseguem entender. Mas foi-lhes dada pelo Presidente da República uma oportunidade única de se poderem credibilizar perante a opinião pública», declarara horas antes o presidente da Câmara Municipal do Porto.

Começa a fazer caminho, entre as personalidades que têm como principal referência política o actual Chefe do Estado, a ideia de que a democracia portuguesa está degenerada por culpa dos partidos.

É um caminho perigoso e que contradiz todo o património histórico do PSD desde os tempos do seu fundador, Francisco Sá Carneiro.

Vale a pena reler com atenção a última entrevista concedida por Sá Carneiro, publicada no próprio dia da sua trágica morte, a 4 de Dezembro de 1980, na revista espanhola Cambio 16. «Eanes, com este projecto impossível de acordo entre os socialistas e os sociais democratas, é um factor de instabilidade», criticava o malogrado fundador do PSD, visando o então Presidente da República, a quem acusava sem rodeios: «Eanes é um homem que provoca crises nos partidos porque tem uma visão da política que é a do poder pessoal.»

A história repete-se, com mais frequência do que muitos imaginam. Não deixa de ser irónico que Cavaco - ex-ministro das Finanças de Sá Carneiro - sirva hoje de bandeira à retórica antipartidos emanada de alguns dos seus apoiantes mais notórios.

 

Imagem: Cavaco Silva e Sá Carneiro em 1980

E pelo Porto...

Diogo Agostinho, 08.05.13

 

Tenho acompanhado a pré-campanha para a Câmara Municipal do Porto. Pelo "picante" de ter mais um candidato de peso, esta disputa eleitoral promete ser bem interessante. 

No entanto, deparei-me hoje com esta fotografia sobre um evento de ontem no Porto. Quando a imagem vale mais do que qualquer palavra, vídeo de apoio ou nome em comissão de honra. 

Por aqui está tudo dito. 

Jacques "Rio" de la Palice

jfd, 14.11.12

Há um PSD que cheira a mofo, tem muito pó e teias de aranha que teimam em não desaparecer.

Afirmam que o sol é quente, o céu é azul e que a chuva molha. E palmas! Parece que se lhes abrem os olhos.

Não há pachorra.

 

(...)"Coisa diferente é perguntar se nós devemos reduzir o papel do Estado em determinadas áreas, designadamente na área social. E aí eu entendo que não. Eu entendo que o Estado deve adequar o nível de despesa à receita que tem, à riqueza que tem, e depois garantir às pessoas o nível social que deve garantir"(...)

Desculpe Dr. Sampaio Pimentel, qual foi a parte do CDS que me escapou?

Fernando Moreira de Sá, 20.10.12

Hoje, no Público (pág. 43) tropecei num artigo de opinião de Manuel Sampaio Pimentel intitulado “Desculpe Dr. Menezes, não posso votar em si (II)”. Pecando por não ter lido a parte I, só posso supor que a primeira não deve ter sido muito diversa no seu objectivo final.

 

O actual Director do Centro Distrital do Porto da Segurança Social, nomeado pelo actual governo, compara o endividamento da Câmara do Porto com o da Câmara de Gaia e, perante tal cenário, chega a uma conclusão definitiva: Luís Filipe Menezes não pode ser o próximo Presidente da CMP ou, coisa mais prosaica, pelo menos não o será com o seu voto.

 

Este militante do CDS, ex-vereador de Rui Rio não aprecia LFM. Está no seu direito. Não gosta da obra de LFM em Gaia. É a democracia. Porém, é bom lembrar que LFM governa Gaia em coligação com outro partido, o de Manuel Sampaio Pimentel e, pelo que sei, nunca vi o CDS de Gaia nem a Distrital do Porto do CDS criticar a gestão de LFM em Gaia. Bem pelo contrário. Nem sei se Manuel Sampaio Pimentel, quando foi nomeado para a CCDRN, em 2003, evitou aprovar ou se opôs a candidaturas de Gaia ao QREN que ajudaram, certamente, ao avolumar do tal endividamento de que agora fala tão crítica e preocupadamente. Não sei.

 

O problema não está, obviamente, em Sampaio Pimentel não apoiar uma candidatura de LFM (mesmo que o seu partido, aposto, o vá fazer). Não. É um direito seu e que merece o respeito de todos. O problema é outro: comparar o endividamento de Gaia com o do Porto. Seria o mesmo, para facilitar a compreensão de todos, que comparar o endividamento do FC Porto com o do Vitória de Guimarães. É intelectualmente desonesto fazê-lo.

 

Em pouco mais de 15 anos, Vila Nova de Gaia transformou-se de forma incrível. O valor do património que a CMGaia tinha em 1997 e aquele que hoje tem cresceu mais do triplo, atingindo um valor superior a 600 milhões de euros; foram construídas/remodeladas mais de 50 novas escolas; o apoio social à população menos favorecida ultrapassou os 160 milhões de euros; o número de empresas mais do que duplicou e o mesmo se refira quanto ao número de turistas não nacionais. O saneamento básico passou de praticamente inexistente a uma taxa exemplar em termos europeus, próxima dos 100% e, pelo caminho, Gaia tornou-se um dos territórios europeus com melhor taxa de m2 de área verde por habitante. E que dizer da recuperação da frente marítima e ribeirinha de Gaia? Ou o investimento feito no desporto, na cultura, em suma, na qualidade de vida da população?

 

Quando olho para Gaia lembro-me de um outro exemplo, anterior, a Maia e Vieira de Carvalho. Quando a Maia atingiu patamares de excelência que a tornaram uma referência europeia e Vieira de Carvalho um autarca modelo ainda hoje recordado pelo seu legado, os seus críticos apontavam o valor da dívida. Em 2002, Vieira de Carvalho faleceu e muitos vaticinaram o declínio da Maia por força do valor da sua dívida. Hoje, passados 10 anos, a Maia diminuiu o seu endividamento sem colocar em causa a qualidade de vida dos seus habitantes. Porquê? Porque a obra estava lá, a taxa de saneamento básico com cobertura de 100%, as infraestruturas que permitiram a continuidade do progresso no seu concelho como a Zona Industrial, o Parque Escolar, as rodovias, etc., ficaram. Bastou gerir o património deixado (vendendo até determinadas partes com enorme mais-valia) sem ter de fazer investimentos avultados pois esses já tinham sido realizados.

 

Luís Filipe Menezes em Gaia, como antes Vieira de Carvalho na Maia, souberam investir, estar à frente do seu tempo e apostar na qualidade de vida das respectivas populações. Querer comparar Gaia com o Porto é um duplo erro. Por um lado, porque em Gaia tudo estava por fazer e ao comparar fragiliza-se a posição e os mandatos de Rui Rio. Por outro lado, seria comparar necessidades orçamentais diversas e legados de qualidade de vida das populações muito diferentes. Jogam em campeonatos diferentes pois são duas realidades distintas.

 

Por último, não consigo perceber se existem dois CDS diferentes no distrito e por isso mesmo, fico na dúvida, qual a parte do CDS nesta história que me escapou?

 

 

Nota: Podia ser Pimental mas não é, é mesmo Pimentel. E "De" Sampaio Pimentel que nestas coisas temos sempre de ser rigorosos...

Justiça de Verão

Rui C Pinto, 03.08.12

Rio precipitado

José Meireles Graça, 11.06.12

Conta Eça ou Ramalho, algures, que um determinado médico, consultado por uma menina da sociedade que não se sentia bem mas não sabia com precisão onde lhe doía, exclamou:

- Mas dói-lhe a barriga ou não lhe dói a barriga? É o que se lhe pergunta!


Simpatizei de imediato com a figura deste médico com pouca paciência para frescuras, e guardo a simpatia até hoje.


Também não gosto de gente dada a complicações escusadas e discursos redondos, e por isso aprecio Rui Rio: não compra a treta do investimento público na cultura quando isso seja um transparente véu para sustentar artistas metidos a bestas; não aprecia a promiscuidade do poder político com o futebol e por isso não sacrifica no altar dos dirigentes da bola; é de boas contas e provou-o pondo as finanças do Porto em ordem; diz de modo geral o que pensa sem que por isso possamos supôr que traz um par de asas nas costas; e, sendo economista, não pertence às escolas engenhosas do "investimento público", que, entre nós e em muitos outros lugares, pretendem diminuir ao endividamento no futuro pelo expediente de o aumentar agora.


Desta vez, não andou bem: Porque caberia perguntar que autoridade tem o Estado central que tem as contas num canho para suspender a democracia local daquelas autarquias que tenham ... as contas num canho; e se Rui Rio defende para o País uma comissão administrativa quando, nas curvas da História, se tropece num Sócrates ou noutro iluminado.


O bordel da gestão autárquica é uma evidência. Mas não o é menos que uma parte do endividamento local tem sido feito para não perder apoios comunitários (que funcionam como incentivos perversos ao despesismo), para criar emprego local na ilusão de que se há emprego há necessariamente riqueza, e para criar equipamentos comunitários ao abrigo da ideia de que se é necessário e útil faz-se.


Mas estas têm sido as regras do jogo, e não apenas nos concelhos mas também nas regiões autónomas. Creio mesmo que, se quisermos encontrar um exemplo e um resumo de tudo o que está errado com a autonomia local, a Madeira é o primeiro que ocorre. Rui Rio acaso também defende uma Comissão Administrativa para a Madeira?


Depois, há legislação que pune a assunção de encargos sem cobertura orçamental, e existe o Tribunal de Contas que fiscaliza os organismos da Administração Pública. Mas essa legislação é tranquilamente desrespeitada e o Tribunal de Contas é um velho leão sem dentes.


Sucede que o legislador e os poderes da Democracia quiseram as coisas assim. E na formação da vontade desse legislador o PSD tem não pequena quota.


Razões por que o que Rio defende tem, para mim, cabimento apenas para o futuro. No presente, Rio deveria bastar-se com o contraste entre a sua administração e a de outros, inclusive vizinhos. Sossegue, Rui Rio: a opinião pública, nos casos mais gritantes, sabe distinguir.


E se com o que aconteceu no País o eleitorado ainda não aprendeu, também não aprenderá a golpes de Decretos-Lei feitos à pressa. Casa roubada, trancas à porta, diz o nosso Povo; diz bem.

Dos Anjos e das Quedas...

Fernando Moreira de Sá, 10.11.11

Até os Abrantes andam todos contentes com Rui Rio. Coisa bonita de se ver e ler. Pé ante pé, como quem não quer a coisa, Rui Rio entrou na corrida, com António José Seguro, Louçã e Jerónimo, à liderança da oposição.

 

No meio de tanto ruído reparo em duas notícias da Câmara Municipal do Porto. Ela vive, quem diria. A primeira é a putativa privatização do estacionamento e a segunda é a privatização da Água e Serviços Municipalizados. Hummm. Estranho. No caso dos SMAS do Porto fica a dúvida: um processo destes demora mais de dois anos a concretizar. O mandato de Rui Rio é inferior a dois anos. O valor proposto é muito, mesmo muito, abaixo do valor real dos SMAS a preços de mercado (e que mercado, meus amigos). Além disso, existem dúvidas, muitas e reais, que tal possa ser aprovado superiormente - a exemplo do que é prática recorrente em casos semelhantes nos últimos tempos. Sem esquecer que, por percentagens idênticas, concelhos bem mais pequenos privatizaram por valores bem superiores. Bem, o melhor é pedir ao parceiro de blog Pedro Froufe, especialista na matéria, que nos possa elucidar. É que eu não estou a perceber.

 

E não acredito que Rio, esse não político, tenha caído na tentação do soundbite que tanto critica aos outros...