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Forte Apache

Cancelamento de cirurgias em Serviço Público

Carlos Faria, 30.01.13

Já me habituei que existe um tratamento diferencial na cobertura jornalística nacional dos problemas insulares face aos que se passem no território do Continente, tal como já me habituei a que os problemas no estado social, quando gerido por socialistas, merecem menor atenção do que quando geridos por governos sociais-democratas.

Imagine, que nuns Açores com um Serviço Regional de Saúde, onde o Executivo socialista chuta para as empresas públicas as dívidas da sua governação para se vangloriar perante Lisboa de ter um superavit nas suas contas públicas já houve 50 cirurgias canceladas só em Ponta Delgada, nomeadamente por dificuldades orçamentais.

Este hospital cobre uma população de menos de 150 mil pessoas, transponha a relatividade do problema para a dimensão de 9,5 milhões de habitantes do Continente e veja quantos cancelamentos o Serviço Nacional de Saúde teria efetuado e a dimensão do escândalo que seria.

É assim na prática, na terra do domínio quase absoluto do PS, que está defendido o serviço público... mas o perfume inebriante da rosa cala a desgraça.

 

Obrigado.

Fernando Moreira de Sá, 11.10.12

Em pleno final de Julho fui informado que tinha de ir à faca. Um tipo quase a chegar aos 40 e fica a saber que tem de tirar peças. Eu que nunca tinha levado sequer um pontito quanto mais. Ainda por cima, em final de Agosto.

 

A minha vesícula estava pela hora da morte. Uma verdadeira pedreira. Fosse ouro e o Ministro das Finanças sempre tinha uma hipótese de combater a dívida. Além disso, o meu rim também andava com ideias e de pedreira instalada.

 

Os homens, como bem sabem, são mais florzinhas nestas coisas de saúde. Uns “paridos” como se diz na terra da minha mulher. Eu não fujo à regra. Primeiro, disse que sim ao médico mas, depois de uns dias sem dores, já andava à campeão e a dizer que afinal não era caso para tanto. Uma ida a Santiago e uma valente dose de tapas resultaram numa noite e manhã de desgraça.

 

Fui à faca. Sem dó nem piedade, lá se foi uma peça. Agora que as dores desapareceram com a retirada da vesícula e o rim acalmou (espero que não seja leitor de blogues nem tenha facebook ou ainda se lembra...), faltam umas palavras de agradecimento a quem de direito. Ao Hospital da Boa Nova do Grupo Trofa Saúde que me tratou de forma exemplar. Ao Dr. Carlos Mexedo e toda a sua equipa, inexcedíveis. E à Dra. Luísa Vilela, foi uma verdadeira amiga algo que nunca esquecerei. 

Governo de Passos a garantir o futuro do Serviço Nacional de Saúde

Carlos Faria, 31.08.12

A notícia de que o atual Ministério da Saúde já pagou mais de mil e trezentos milhões de dívidas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mantendo em simultâneo a política de contenção de despesas, mostra bem como o Governo de Passos Coelho trabalha para a sustentabilidade e manutenção em Portugal do SNS.

É a pagaro que se deve (mesmo que tenham sido outros a fazer as dívidas) e a criar sistemas económicos sustentáveis que se garante o futuro do Estado Social, da Educação e do SNS.

Infelizmente, esta notícia não tem a mesma repercussão nos mídia que qualquer corte racional numa despesa pública, ao contrário dos protestos dos interesses instalados e daqueles para quem não importa olhar os custos a curto prazo para se tornarem simpáticos aos olhos do público, mas que comprometem a qualidade de vida das futuras gerações.

Realidade ou ficção?

Joana Nave, 28.07.12

Distinguir a realidade da ficção pode ser uma odisseia bem complexa para o ser humano. Desde pequenos somos motivados a desenvolver a nossa criatividade e imaginação. Ao longo da vida a originalidade é premiada com louvor e glória. Se queremos ir mais longe, temos de ser mais ousados, mais afoitos, mais criativos. Criar é assim um acto de tornar em matéria um simples pensamento, que surge na nossa cabeça de forma mais ou menos espontânea. Parece pois absurdo que seja precisamente a imaginação desenfreada a causa de tantas doenças do foro psicológico. A panóplia de enfermidades é tão ou mais criativa que a própria imaginação: Esquizofrenia, Parkinson, Alzheimer, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), Hipocondria, Narcolepsia, Bipolaridade, Anorexia Nervosa, Bulimia, apenas para nomear algumas.

A questão que me perturba é a forma como estas doenças são muitas vezes usadas com elevada inteligência pelos seus portadores, influenciando a realidade em que vivem e induzindo aqueles que os rodeiam. Confesso que tenho alguma dúvida em relação à cura destas doenças, pois uma mente perturbada muito dificilmente encontrará forças para se libertar ou será permeável a ajuda externa.

Há um filme que ilustra na perfeição este tipo de patologias neurológicas – “À la folie... pas du tout” de Laetitia Colombani, com Audrey Tautou e Samuel Le Bihan. O filme conta a história de uma jovem mulher (Angélique), artista plástica, com uma carreira promissora pela frente, que se apaixona por um homem casado (Loïc). Na mente de Angélique, Loïc corresponde ao amor que ela lhe tem, trocam presentes, planeiam uma viagem, mas ele não deixa a mulher e ela sofre com isso e espera… Enquanto espera, a sua obsessão leva-a a atropelar a mulher de Loïc, que espera um filho deste, e que Angélique julga o verdadeiro entrave à separação do casal. Quando vemos a realidade através da mente de Loïc tudo se torna claro e é bem visível a doença que perturba Angélique e a faz confundir a imaginação com a realidade, tornando-a perigosa, mas irresponsável pelos seus actos…

Os postais

José Meireles Graça, 22.06.12

Sou um dos poucos portugueses que não nasceram na Maternidade Alfredo da Costa, ao que me tenho apercebido pelos jornais.

 

Mas dos meus concidadãos que tiveram a dita de vir a este vale de lágrimas naquele excelso estabelecimento, uma parte apreciável gosta muito de causas, manifestações e indignações sortidas, e não vê assim com bons olhos que se lhes encerre o lugar onde tanto iluminado fortemente de esquerda viu a luz do dia; ou onde tanto bebé inocente foi tocado pela graça da generosidade pública com dinheiro do contribuinte.

 

Parto do princípio que aquele ministro com cara de quem acabou de cheirar lixo por recolher há semanas sabe que é possível, para atingir o mesmo resultado, fazer poupanças; ou desistir do mesmo resultado por não haver dinheiro para o pagar.

 

Entre o político e gente do teatro, que encena uma parte gaga com caixas e caixas de postais (14000) escolho o político.

 

No entretanto, vou dizendo a estas pessoas com um súbito ataque de devoção à correspondência epistolar: então e as árvores? 14000 postais devem consumir, creio, um roble de porte médio. Logo agora que tanta gente está em Copacabana  a salvar o planeta, e gente boa que não nasceu mas bem podia ter nascido na MAC. Está mal.

São Sebastião da Pedreira

jfd, 04.05.12

Como muitos portugueses é essa a minha orgulhosa naturalidade como freguês. A minha Maternidade Alfredo da Costa. Março de 76. Serviço excepcional, disse-me a minha mãe. Horas de emoção partilhadas com outros pais na sala de espera, contou-me o meu pai.

A própria nasceu em 1931. Teve remodelações. Mas já está velhinha. Mesmo com as obras e retoques recentes já não tem comparação à oferta que se lhe sobrepõe. O Ministério da Saúde, com o devido pragmatismo que lhe é devido, encara a distribuição do potencial actual pelas diversas estruturas que estão disponíveis pelo distrito. São cálculos que me fazem sentido nem que seja pelo necessário racionalizar de custos e potencialização de parques instalados e subaproveitados.

Claro que a paixão pela MAC poderia moldar a minha opinião. Mas antes de Alfacinha sou Português. E o encerramento de maternidades não pode acontecer e pelas mesmas razões, apenas fora de Lisboa. 

Toda uma reorganização da rede hospitalar do Serviço Nacional de Saúde está em curso. Temos de pensar o SNS ao nível dos distritos e ao nível do país e não ao nível das nossas conveniências, memórias ou emoções. Todos nós, como portugueses, estamos unidos na mudança para um horizonte com um futuro sustentável, socialmente justo e correcto.

Quando o Governo chumba projectos na AR, não o faz por ir contra o SNS, mas sim por saber que pode fazer muito mais por ele.

O PSD concorreu dizendo aos Portugueses que pretendia:

Reorganizar a rede hospitalar, desenvolvendo uma visão integrada e mais racional do sistema de prestação, que permita uma gestão mais eficiente dos recursos humanos

Reformar é difícil. Mas é necessário.

Direito de ser maluco

Mr. Brown, 11.01.12

Por absurdo, podemos estar perante a pessoa mais rica do país que, para não passarmos por malucos, temos de lhe atribuir o direito de fazer hemodiálise de "borla" - e quem fala de hemodiálise falará de muitas outras coisas. Talvez se prestassem um bocadinho mais de atenção ao que Manuela Ferreira Leite diz percebessem o que está em causa: «O que não é possível é manter-se um Sistema Nacional de Saúde como o nosso, que é bom, gratuito para toda a gente. Para se manter isso, o Sistema Nacional de Saúde vai-se degradar em termos de qualidade de uma forma estrondosa».