O mal (1) Um convidado no Estoril
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Este post de Shyznogud, em Jugular, mostra como é fácil criar uma forte indignação, mesmo dispondo de escassa informação sobre o tema. A autora faz um esforço e cita três fontes que a orientam, mas infelizmente a pesada sentença não permite recurso, nomeadamente em alguns dos comentários.
Do post podemos tirar várias conclusões: o convite ao primeiro-ministro húngaro para falar nas conferências do Estoril é “uma vergonha”, portanto não vale a pena sequer ouvir a versão do próprio. Embora lidere um partido conservador, Orbán é comparado à Aurora Dourada grega (a comparação é absurda, mas que importa?); no post admite-se até a expulsão da Hungria da UE, algo que não seria possível sem um lento processo que exigiria decisões complicadíssimas e pelo menos ouvir os próprios húngaros (o Parlamento Europeu não tem esses poderes, de facto nem sequer tem poderes para suspender direitos de voto).
As lendas húngaras deram origem a um género de personagem sinistra onde se concentra o mal puro. Na ópera de Bela Bartok ‘O Castelo do Barba Azul’, um conde tenebroso mata as suas mulheres, a quem avisa para que não espreitem pela sétima porta. Nenhuma resiste à curiosidade, que é fatal, mas julgo que neste caso temos de tentar ignorar os preconceitos e as proibições. Talvez atrás da sétima porta esteja apenas um mito.