Agora que já estão marcadas as eleições autárquicas e muitas campanhas já se assumem na rua através de cartazes (algo que gosto de analisar), ocorre-me falar de uma realidade especifica deste tipo de eleições, as candidaturas independentes. Sou um defensor deste tipo de candidaturas. Embora acredite num sistema que esteja baseado em partidos políticos, sendo militante de um, não acho que o sistema deva estar fechado a esta forma de participação política.
Infelizmente, desde que se tornou uma realidade esta possibilidade nas eleições autárquicas, aquilo a que se tem assistido são a muitas candidaturas “pseudo independentes”, pois na sua génese estão candidatos que estavam dentro das realidades partidárias e dentro destas não viram vingar a sua vontade. Resultado, vencidos por regras em que em muitos casos os próprios delas beneficiaram, a motivação para uma candidatura dita independente não é mais do que um ressabiamento. E é pena que assim seja, pois é um desvirtuamento do que se pretendia na natureza da lei.
Mas como gosto de ver as coisas sempre pela positiva, faço por acreditar que não é um qualquer melindre narcisista, mas apenas um excesso de serviço à causa pública.
Mas mesmo assim, devemos conceder legitimidade a uma transição. Mesmo entre partidos. Durante uns tempos um cidadão entendeu que era num determinado fórum que se identificava e depois, com o passar do tempo, entende-se que é em outro. Percursos normais de vida, podemos entender.
Mas há pessoas cuja vontade de estar na causa pública é bastante admirável. Ora vejamos alguns casos.
Um ainda vereador eleito pelo PSD/CDS, percebendo que não seria convidado a continuar em funções, lá andou a apoiar uma candidatura independente, e sem entregar pelouros. Provavelmente percebendo depois que nesse movimento independente não estaria na lista como candidato decide-se lançar ele próprio como candidato “independente”.
E o presidente de Junta, eleito pelo PS que depois se desfiliou mas manteve-se como autarca, fundou um movimento cívico, apresentou-se como candidato independente à Câmara e recentemente apresentou-se como candidato pelo CDS.
E o cidadão que durante dois mandatos (2001-2009) foi vereador, salvo erro até terá sido vice presidente, do PSD. E que recentemente, curiosamente depois de nas eleições internas do PSD o candidato que apoiava ter sido derrotado, fundou um movimento “independente”. Vá, sejamos positivos e até condescendentes. Este senhor fez uma transição de uma força política para outra. Ah, ok. Nada disso. Continuemos a analisar a história. Será que este cidadão tão cheio de vontade e proactividade cívica apenas deu de si a partir de 2001 e em Barcelos? Viajemos até 1990 a Vila Nova de Cerveira …
Estes são apenas alguns exemplos que envolvem diversas transições numa só pessoa.
No final da linha, resta sempre aguardar pelo veredicto dos eleitores.