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Forte Apache

Erro cognitivo devidamente planeado.

Maurício Barra, 30.07.13

O sistema de contra-informação que Sócrates deixou instalado na imprensa portuguesa continua no seu melhor. Transformou o dolo público das swaps aprovados durante o seu consulado em. . . . .culpa de actual Ministra das Finanças, precisamente a responsável pela sua denúncia e negociação determinada da sua solução.

De uma penada, a Ministra arranjou um pacote de três inimigos: o propriamente dito, que quer reescrever a história, os bancos “benevolentes “, que pensaram que  “mamar o Estado” era a coisa mais natural do mundo e a imprensa “amiga” , hoje já tão previsível que se conhece com antecedência o road-map ( órgãos de informação e autores ) da cadência das campanhas de “ deformação “.

Alerta Laranja

Maurício Barra, 29.07.13

A transferência da energia para o Ambiente entusiasmou Mexia, porque permitirá que continue a mexer na co-geração à moda de Sócrates. Com os Portugueses a pagar, claro. E, para “épater les bourgeois”, eventualmente aparecerá  um descontozito de 3 a 5% na factura para a indústria pesada.

Transformar a conta energética em factor de aumento da competitividade da economia nacional, isso, está de regresso ao Canadá. 

Compromisso vigiado

Maurício Barra, 22.07.13

O compromisso a três permitia que o estreito caminho para Portugal não cair no segundo resgate tivesse duas vantagens: por um lado dava a Portugal mais força negocial para impor aos credores razoáveis alterações ao memorando actual devido ao compromisso alargado de cumprir o que ficasse acordado; por outro lado garantia uma estabilidade de médio/ longo prazo para as medidas consensuais que resultassem dessa negociação.

Objectivamente favorecia tanto o actual governo como um eventual futuro governo do PS.

Quando Seguro percebeu que assumir soluções para as actuais condições objectivas da economia portuguesa não seria aceite pelo projecto de poder de Sócrates (que domina o grupo parlamentar), não era compatível com a estratégia de António Costa (que quer o lugar de secretário-geral), teve sempre a oposição de uma parte da câmara dos lordes socialista, e sofreu todos os dias uma campanha de contra-informação brutal (que utilizava o Público e a SIC Notícias como órgãos oficiais), sucumbiu para não perder o partido que, oficiosamente, ainda controla.

Sucumbiu e perdeu eleitorado. Perdeu eleitorado socialista democrático, que está farto dos jogos de poder que os colocam sempre nas mãos da agitação e propagando do PC e do BE.

O PSD/CDS, se não tivessem feito o número infantil das demissões e, entre muros, discretamente efectuado as alterações que entendessem no Governo propondo-as ao Presidente da República, tinham evitado esta catarse nacional. E também tinham evitado um descrédito adicional, na proporção da sua irresponsabilidade.

Agora estão condenados a governar a sério. Sem mais tiros nos pés. Se forem inteligentes, juntam às suas as propostas exequíveis do PS e transformam o que seria um compromisso a três num compromisso a dois. Um novo compromisso a dois com os portugueses, numa nova política que negocie e evite os efeitos negativos do ajustamento na frágil economia portuguesa, sem capital para investir e criar emprego.

Um compromisso que estará permanentemente vigiado.

Vigiado pelo Presidente da República, que os salvou mas os vai manter com rédea curta.

E, sobretudo, vigiado pelos portugueses. Não desculparão, rigorosamente, mais nenhum disparate deste governo.

Então ? Doeu muito ?

Maurício Barra, 19.07.13

Doeu muito fazer um acordo de compromisso que garante, seja a quem for que ganhe as eleições, que terá uma plataforma de objectivos de política económica em banda larga que não impedem a expressão própria das opções políticas de cada partido ?

Doeu muito colocarem os interesses do bem comum dos portugueses à frente de obsessões destrutivas ?

Doeu muito optarem por assegurar que Portugal seja um país com os dois pés dentro da Europa e do Euro?

Doeu muito aumentarem a capacidade negociadora de Portugal nas difíceis circunstâncias económicas e financeiras que actualmente vivemos ?

Doeu muito fazerem o que 80% dos portugueses queriam que fizessem ?

 

Claro que não doeu.

A pergunta, que em todo o Portugal de faz, é porque isto não foi feito há mais tempo.

Ter-nos-ia salvo da bancarrota.

 

Mas vou dizer-lhes a quem doeu.

Doeu ao PC e ao BE, que viram em duas semanas quebrar-se o controlo ideológico que sempre pretenderam exercer sobre o PS, através de “benevolentes” companheiros de estrada.

Doeu aqueles que defendem a tese da extrema-esquerda marxista de que “esquerda” é a esquerda que não aceita a democracia representativa, a integração na Europa, a integração no Euro e a participação na NATO.

Doeu a Sócrates e aos seus bobby’s, que, para justificar o seu governo, tem de estar contra tudo o que signifique a solução dos sarilhos em que nos deixou metidos.

Doeu a Mário Soares e Manuel Alegre, que em 2013 querem reviver a irresponsabilidade instável da Iª Republica.

Doeu àqueles comentadores que, na imprensa e televisões, têm como objectivo ser porta-vozes de uma agenda política minoritária, e doeu a uns tantos outros responsáveis editoriais e jornalistas, artistas da manipulação da informação e da pequena política, que viram as suas narrativas ultrapassadas pela realidade.

 

E sei a quem não deve doer.

Não deve doer aos portugueses mais do que tem doído. Com a bancarrota e com o remédio que tivemos de engolir para a resolver.

Se aquele pequeno Portugal rancoroso e mesquinho que mata um vizinho por causa de um rego de água, o mesmo que cercou José António Seguro durante toda esta semana, impedir este acordo que a grande maioria dos portugueses desejam, podemos esperar que a com a dor que vão infligir aos portugueses virá o ódio, um ódio profundo a quem os devia representar mas não os representa.

Se isso acontecer, podemos começar a escrever o epitáfio do regime desta IIIª República.

Opinião pública e Opinião publicada

Maurício Barra, 15.07.13

Esta semana vai ser fértil, tal como a anterior, em doses de fel daqueles que, nos partidos e na imprensa que os apoia e acolhe, estão contra o acordo sugerido pelo Presidente da República, pressionando para que o mesmo não aconteça.

À cabeça o PC e o BE ( o partido melancia que esta semana vai propor uma moção de desconfiança ao governo só tem existência teórica: é mais um dos artifícios hipócritas em que a III republica é pródiga ). De dentro do PS surge quem era previsível: Mário Soares, Sócrates, Manuel Alegre, Ferro Rodrigues. A Ana Gomes ainda não falou ( ou eu não a ouvi ).

Na imprensa, os do costume: Nicolau Santos, os bloquistas comentadores, os comentadores com dor de cotovelo, a tribo acéfala da má-língua que é uma forma da SICN dar voz à baixa política sem escrúpulos, uns indígenas avulsos que confundem a Venezuela com a democracia, e até o cinismo de Marcelo Rebelo de Sousa, que viu a realidade ultrapassar a sua opinião sobre a mesma.

Entretanto, o país dos eleitores não lhes liga nenhuma. A proposta do Presidente corresponde ao que há muito é o sentimento de bom senso que atravessa transversalmente a sociedade portuguesa. E os partidos democráticos perceberam isso. Vão negociar, vão discutir, vão concordar, vão discordar, vão, enfim, fazer aquilo que é próprio de uma democracia: defender as suas propostas políticas até chegarem a conclusões em nome do bem comum.

Nem têm outro remédio. Os juros dispararam para valores de dois anos atrás, temos dívidas a pagar e compromissos a respeitar, negociar em acordo com as instituições europeias não é a mesma coisa que querer renegociar a dizer que não pagamos, o investimento e a criação de emprego só têm viabilidade se houver credibilidade internacional aceite pelos nossos parceiros económicos.

A não ser assim, quem ganhar as próximas eleições (presumivelmente o PS sem maioria absoluta) vai herdar o caos em vez de uma plataforma que lhe garanta estabilidade governativa, baseada em critérios fundamentais económicos e financeiros que defendam os interesses nacionais e nos permitam continuar a ser um país europeu.

COMPROMISSO DE SALVAÇÃO NACIONAL : notas sobre uma proposta política que pode efectivamente ser de salvação nacional

Maurício Barra, 11.07.13

A proposta do Presidente da República é muito clara: uma estratégia e um calendário que garantam a médio prazo um acordo de regime sobre os indicadores fundamentais de política económica ( tal como o fez a Itália e, já há muitos anos, a  Espanha ). Ser europeus, cumprir os nossos compromissos, criar capacidade de negociar melhores condições económicas e financeiras para o nosso ajustamento que permitam o investimento criador de emprego.

As eleições terão lugar quando os interesses nacionais estiverem salvaguardados: 14 mil milhões de euros para saldar a dívida emergente, orçamento de 2014 aprovado e compromisso de salvação nacional assinado. Os tempos exigem paradigmas diferentes : para continuarmos a ser uma democracia europeia estável e credível, os pressupostos de governação tem de ser alterados porque a crise que vivemos é completamente diferente de todas as outras que sofremos anteriormente.

Em suma, os interesses nacionais são superiores aos interesses partidários.

 

Eis uma asserção com a qual concordarão a maioria dos portugueses. O Presidente, através de uma proposta aos partidos, falou directamente para os portugueses. Hoje todos estão e estarão maioritariamente do seu lado.

 

Derrota em toda a linha dos partidos não democráticos, da tropa fandanga que transformou Soares num querido líder e das redacções que influenciam, ao não aceitar eleições antecipadas. À rua o que é da rua, à democracia o que é da democracia.

 

Derrota dos artifícios políticos que o CDS engendrou na semana passada: a solução que “fabricou” não é credível, é mais do mesmo, uma fuga para a frente irrisória que, passado a novidade  do que parece que iria ser, continuaria a ser um estratagema para continuar a boiar numa situação que para ser resolvida necessita de uma ruptura. Com esta proposta o CDS vai comer um sapalhão : Portas queria ser o pêndulo entre o PSD e o PS, este acordo transforma-o num actor menor.  Vai assinar porque tem que assinar, mas o seu destino é ser um actor secundário.

 

O PSD perdeu o pé, resultado da inabilidade política que tem demonstrado. Fez o que tinha de fazer para corrigir a bancarrota que herdou, mas ao contrário: em vez de reformar o Estado primeiro, preferiu ir aos bolsos dos portugueses, como faria o PS se estivesse no Governo. Passados dois anos, quando quer reverter a estratégia, fica à mercê do jogo de sobrevivência do seu parceiro de coligação. Perdeu o Ministro das Finanças que lhe garantia a credibilidade e o apoio dos portugueses. Perde agora a credibilidade que o Presidente não lhe reconhece para “mudar a governação “.Vai ficar a governar de forma instrumental e transitória.

E vai ter de aguentar-se.

Porque o PSD vai assinar o compromisso, ai vai vai. Com estes dirigentes e, depois, com os que os substituirão quando o PSD perder as eleições no próximo ano. Aliás, o programa político do futuro PSD será um programa europeu idêntico ao da aliança CDU/SPD do próximo governo alemão : rigor orçamental com crescimento económico. 

 

O PS não pode dizer que não quer assinar, sob pena de perder eleitorado. Vai querer impor condições ao compromisso ( incluir o PC e o BE é a melhor forma de não haver compromisso nenhum, mas com o tempo será dispensado o artifício ),  mas, ou assina o compromisso, ou as eleições que vier a ganhar em 2014 serão uma vitória de Pirro. Transitória e instrumental. O que o obrigará, finalmente, a enfrentar a parte de si próprio que sonha com amanhãs que cantam : durante o próximo ano os seus parceiros europeus vão demonstrar-lhe que ser esquerda europeia não é ser anti-europeu nas regras que todos, de acordo com as suas circunstâncias, têm de cumprir.

 

PS : A noite foi fértil para analisar a diferença entre a opinião pública e a opinião publicada. O a maior parte dos jornalistas chamados a oficiar e os comentadores que comentam tudo ( com honrosas excepções de José Gomes Ferreira, Joaquim Aguiar e Helena Matos ), como foram apanhados de surpresa e a sua narrativa foi posta em causa, reagiram corporativamente com as mais variadas teses do “ estamos contra”, “ é confuso “, “ foi agravada a crise”, etecetera. Quando a sua narrativa não corresponde à realidade, fica a descoberto o basismo dos seus argumentos, habituados que estão à pequena intriga que resulta da sua visão em pequenos mundos fechados.

Pelo contrário, os representantes dos partidos democráticos foram razoáveis e ponderados: todos de repente perceberam que o tempo que vem aí não é igual ao tempo que já passou.

A racionalidade vai superar a permanente futebolização da discussão política que explora o que é diferente, que não respeita o outro, que fecha os olhos ao que é comum. Quem ganhar as eleições obviamente cumprirá o seu programa eleitoral. Mas o seu programa eleitoral também incluirá o dever de defender o que é comum à viabilidade económica da democracia europeia. 

Estratégias e Estratagemas

Maurício Barra, 08.07.13

O PSD e o CDS vão ser Governo apesar deles próprios. Não haverá eleições antecipadas, como, a partir de Julho de 2014, não irão haver eleições postergadas.

 Os partidos, todos, excepto os não democráticos ( que tiveram de passar pela humilhação de um parágrafo da carta de demissão de Portas ter mais poder que éne manifestações para conquistar o poder na rua ), a partir de agora posicionam-se de acordo com os seus estratagemas porque, estratégia política consistente, só o Presidente da República é que a tem.

A  estratégia presidencial tem sido denominada “ acordo pós-troika” . Mas não passa da seguinte assunção : se quisermos ser europeus, a realidade obriga a coexistirmos no espaço económico comum com as regras definidas pelas instituições europeias. Regras que podem ser “mais brandas”, mas, seja com tons de esquerda ou com tons de direita, os ajustamentos orçamentais estão para ficar em nome da estabilidade do espaço europeu, e o investimento e criação de emprego, cada vez mais urgentes para assegurar a competitividade global do todo e das suas partes, estruturar-se-á sobre esse equilíbrio orçamental.

Dos partidos do arco do poder, o PS foge com o rabo à seringa de assumir esse compromisso, na expectativa que o Pai Natal faça o tempo voltar para trás quando forem governo ( por isso é que quando os portugueses vão para a rua, lembram-se de Seguro e voltam para dentro -  a frase não é minha mas está muito bem achada ). Por outro lado, o PSD e o CDS, reconheçamos, não revelaram até agora ter arcaboiço para liderar politicamente esse caminho, porque estavam convencidos que bastava cumprir objectivos técnicos financeiros, e, agora, estão fragilizados e com a sua credibilidade muito reduzida devido às peripécias da semana passada (*).

Todos são filhos do regime da IIIª Republica.

Antes de serem obrigados a mudar, vão utilizar todos os estratagemas para evitar a única estratégia que inexoravelmente tirará, este país cansado, do abismo em que o colocaram. Porque ainda não perceberam, ou fingem não perceber, que os próximos governos, quaisquer que sejam, vão ser instrumentais e transitórios, com ou sem resgates “ brandos”, com ou sem “haircuts” da monstruosa dívida que acumulámos, e que a única estratégia, que agora chamamos de pós-troika, é no fundo a estratégia de continuarmos europeus.

 

(*) infelizmente, e mais uma vez,  nenhum analista político conseguiu perceber que a atitude de Paulo Portas, e, sobretudo, a sua sequência, é uma tentativa deste, e do CDS que dirige, para fugir ao lugar irrelevante que lhe caberá num futuro e previsível governo  PS-PSD.